Nelson Cruz nasceu em Portugal, mas traz no sangue a herança cabo-verdiana trazida pelos seus pais. Sempre disputou os campeonatos nacionais, mas um dia recebeu um convite para representar internacionalmente o país de origem da sua família. Pensou, aceitou, e só depois se deixou apaixonar por Cabo Verde e pelos cabo-verdianos.

“Cá em Portugal há muitas pessoas que não percebem o porquê dessa opção. Inicialmente foi por falta de oportunidades. Surgiu o convite por parte de Cabo Verde há uns anos e eu aceitei. Só que depois fui-me apercebendo que é um orgulho enorme representar Cabo Verde. O apoio que eles me dão é uma coisa fora de série. A paixão que eles têm por Cabo Verde e pela bandeira deste país, isso mexe com qualquer pessoa”, explicou Nelson ao SAPO Desporto, sem esconder a bandeira crioula que traz consigo na mochila que o acompanha.

Em 2008 cumpriu o sonho de menino, foi até Pequim participar nos Jogos Olímpicos, levando Cabo Verde até ao ninho de pássaro.

“Os Jogos Olímpicos de Pequim foi uma experiência fabulosa, foi a maior experiência que eu já tive na minha vida. Porque aquilo é um mundo. A sensação de entrar no estádio e saber que estou a concluir a maratona é uma sensação… Não ia com o objetivo de medalhas porque sabia que era uma coisa surreal, mas o meu objetivo era sentir-me bem, conseguir o melhor resultado possível e chegar ao estádio e usufruir daquela situação toda”.

Aos 38 anos, ainda sente que tem tempo para estar num grande palco e promete lutar até à última oportunidade para voltar a correr por Cabo Verde nuns Jogos Olímpicos.

“Sei que não é fácil, mas é possível. E então estou a agarrar a oportunidade dessa tentativa dos mínimos com todas as forças que eu tenho porque seria a cereja no topo do bolo. Seria muito importante para mim e para finalizar a minha carreira, e reviver tudo o que revivi em Pequim”, conta ao SAPO Desporto com um olhar convicto de quem acredita no que promete.

A maratona de Praga, que decorre em maio, será a derradeira oportunidade para Nelson Cruz e para os cabo-verdianos.