O treinador da Académica do Mindelo, campeã de Cabo Verde em basquetebol, Kula Monteiro, reclama uma “maior dinâmica” na Federação Cabo-verdiana de Basquetebol e “gente capacitada” para a instituição, imposição que defende para regressar ao cargo de selecionador de Cabo Verde.

Referenciado como o melhor treinador de Cabo Verde na modalidade de basquetebol, o técnico, que levou a Académica do Mindelo à conquista do campeonato de Cabo Verde, depois de se sagrar com a mesma equipa tricampeã nacional em juniores, disse à Inforpress que a “federação não tem dirigentes que conseguem identificar os bons treinadores”.

Kula deixa claro que está disposto a trabalhar para o basquetebol cabo-verdiano, tanto nos clubes como na seleção, mas que não aceita “nenhum convite para trabalhar sobre joelhos porque aposta num trabalho de formação e com planos para o futuro”.

Kula promete “continuar a trabalhar para a Académica do Mindelo e a formar talentos para a seleção de Cabo Verde” e reprova a federação por, supostamente, ter estado a escolher selecionadores “sem grandes qualidades técnicas”.

“Já é tempo de metermos nas federações pessoas capacitadas, com formação na área, que conseguem delinear um projeto e pensar a modalidade com os técnicos”, alerta, ressalvando que as pessoas que entendem devem ser chamadas para a direção da Federação Cabo-verdiana da modalidade.

Isto porque, atesta, o basquetebol cabo-verdiano é “muito forte”, pelo que aproveita a ocasião para destacar a dinâmica do “street basket”, sobretudo na ilha de São Vicente, e o surgimento de grandes equipas em Santiago (Norte e Sul), Boa Vista, Sal e outros pontos do território cabo-verdiano.

Acérrimo defensor da formação, Kula Monteiro reclama uma maior dinâmica na estrutura do basquetebol nacional, por entender que tanto no basquetebol como em algumas modalidades está-se a perder muito tempo no país.

De momento, assegurou à Inforpress, está apostado em continuar a preparar a jovem e aguerrida equipa da Académica, com vista à sua inédita participação na Taça dos Clubes Campeões Africanos, em basquetebol, prova que entretanto corre o risco de ser inviabilizada por causa do vírus Ébola que afeta alguns dos países da África Ocidental.

Em relação à persptiva de priorizar as modalidades, Kula tem a sua opinião formalizada: “num país como Cabo Verde não devemos pensar assim, porque os recursos são parcos. Penso que cada modalidade deveria ser premiada de acordo com aquilo que consegue fazer para a promoção do país”, considera.

Se nós fizéssemos isto, hoje o basquetebol, de certeza, seria a primeira modalidade em Cabo Verde”, opina Kula, reconhecendo, entretanto que “o futebol é forte em quase todos os países”, mas defende que a modalidade do desporto-rei não deve ser privilegiada em relação às outras modalidades”.

Um dos conferencistas da “II Conferência Nacional do Desporto”, Kula é de opinião que o colóquio serviu para dar respostas às necessidades vigentes atuais, alegando que em Cabo Verde anda-se a trabalhar “um pouco as escuras”, no desporto.