A Física de Torres Vedras parte este ano sem ambições para os campeonatos nacionais de basquetebol e hóquei em patins devido aos problemas financeiros que atravessa, com dívidas de 2,4 milhões de euros, disse hoje a sua direção.

Sérgio Galvão, presidente da comissão administrativa, afirmou à agência Lusa que, para esta época desportiva, "não há qualquer aposta para subir de divisão" por falta de dinheiro e que a associação está a reduzir custos em todas as modalidades.

O dirigente, que pretende vir a candidatar-se nas eleições de março, não vê hipóteses de, nas próximas épocas, a Física vir a traçar "metas de subida enquanto não tiver folga financeira".

Na assembleia-geral de quarta-feira à noite, os sócios votaram por unanimidade o orçamento para a época 2014/2015, que prevê sobretudo redução de custos com as equipas seniores de basquetebol e hóquei em patins.

O orçamento de 1,9 milhões de euros, com menos de 300 mil euros do que o anterior, tem previstas verbas de 10.650 euros para o basquetebol, a jogar na 1ª Divisão Nacional, quando em 2013 foram gastos 64.560 euros.

Para o hóquei em patins, na 2ª Divisão Nacional, estão orçamentados 30.650 euros, inferiores aos 68 mil euros de 2014 e 91 mil euros de 2013.

Sérgio Galvão adiantou que foi decidido manter sem salários os jogadores destas equipas, como acontece desde o início da época, e apostar-se na formação das camadas jovens.

A associação fechou as contas do ano, até agosto, com um resultado negativo de 633 mil euros, possui um passivo de três milhões de euros e dívidas de 2,4 milhões, entre as quais salários em atraso e dívidas a fornecedores, Segurança Social e Finanças, de acordo com o Relatório de Contas aprovado na mesma assembleia e a que a Lusa teve acesso.

Sérgio Galvão esclareceu que, com o empréstimo bancário de 1,5 milhões de euros que a Física foi obrigada a contrair em agosto, espera ter "tudo liquidado até ao final do ano".

Desde que a comissão administrativa assumiu funções, foram feitos acordos de regularização de dívidas com o Estado e pagos grande parte dos salários, faltando apenas os dos meses de julho e agosto, no valor total de 80 mil euros, detalhou.

A insustentabilidade financeira levou em agosto à demissão da direção liderada por Luís Carlos Lopes e à eleição de uma comissão administrativa, presidida por Sérgio Galvão, que, por sua vez, encomendou uma auditoria às contas da associação.

A auditoria concluiu que, até agosto, existiam 2,4 milhões de euros de dívidas, dos quais 278 mil euros referentes a salários em atraso aos 160 colaboradores, 70 dos quais são trabalhadores contratados, 700 mil euros de dívidas fiscais, 378 mil euros a fornecedores e empréstimos bancários no total de 1,4 milhões.

O aumento das dificuldades das famílias e o corte de despesas com a prática e a aprendizagem desportiva, por exemplo na natação, foram as razões apontadas.