Os “contemplados” com o bilhete de acesso à Vuelta são Manuel Cardoso, o experiente “sprinter” com três anos de pelotão internacional, Hernâni Broco, um dos eternos candidatos ao pódio da Volta a Portugal, André Cardoso, o trepador que há um ano foi “vice” da prova portuguesa, todos da Caja Rural, Bruno Pires e Sérgio Paulinho, gregários do regressado Alberto Contador na Saxo Bank, e Tiago Machado, o homem da RadioShack que ficou em sétimo no contrarrelógio de Salamanca no ano passado.
Entre os portugueses, as diferenças de missão são claras: uns vão para trabalhar, outros para ganhar. Do primeiro lote faz parte Sérgio Paulinho. Tido como um dos melhores trabalhadores do ciclismo atual, o corredor da Saxo Bank confessou à agência Lusa que as suas expectativas para a Vuelta são “ajudar o Alberto [Contador] a vencer”.
«A temporada foi um pouco estranha sem a presença do Alberto, sem a presença de um ciclista ganhador, por isso agora com a vinda dele as coisas irão melhorar em termos de espírito de equipa, de modo a ganhar corridas», relembrou.
O regresso do espanhol, depois da suspensão devido a um controlo positivo por clembuterol no Tour2010, retira espaço ao português de 32 anos para tentar a sorte individual, mas isso não o incomoda «nada».
«Quando assinei pela Saxo Bank já sabia qual é que ia ser a minha missão, por isso não me incomoda nada o facto de, a partir de agora, não poder lutar por etapas, porque já sei qual é a minha função na equipa», assegurou.
E Paulinho, que perspetiva esta Vuelta como uma corrida mais aberta do que a Volta a França – «o Tour foi um pouco monótono, porque a Sky estava bastante forte, o Wiggins também e quase ninguém atacava» -, tem já os adversários a ter sob mira bem estudados: Juan José Cobo, o defensor do título, Chris Froome, segundo no ano passado e este ano na prova francesa, e Damiano Cunego.
O corredor da Saxo Bank não apontou Tiago Machado como um dos candidatos, mas o próprio não tem pudor em assumir que quer ficar nos dez primeiros da terceira grande da temporada.
«As expectativas são tentar fazer melhor do que no ano passado e, quem sabe, concretizar o objetivo que a equipa pôs como meta – o Johan Bruyneel disse que ia tentar que eu e o [Maxime] Monfort ficássemos nos dez primeiros. Se conseguir isso vou ficar feliz com a minha prestação», contou à Lusa Tiago Machado.
No entanto, o chefe de fila da RadioShack acha que pedir o pódio é «demais», embora adie a sua candidatura até apurar qual é a sua real condição física.
«Para já, as impressões que tenho são agradáveis, porque fiz um estágio em altitude, onde aproveitei para treinar mais arduamente e as sensações com que tenho estado desde essa altura são boas. Sinto-me bem, mas não sei como os adversários se estão a sentir. Até lá é tudo uma incógnita. Agora sei o valor que tenho e sei que posso conseguir coisas bonitas», explicou, garantindo não estar nervoso com o novo papel na equipa dos irmãos Schleck.
Machado, que realça que não pode facilitar em nenhuma etapa, porque «o perigo está ao virar da esquina», vai reencontrar-se na Vuelta com o homem com que tem travado acesas disputas na Volta ao Algarve, algo que vai encarar com a devida noção das diferenças.
«São corridas diferentes, [no Algarve] eu estava a correr em casa, agora vai estar ele. Mas se fizesse o mesmo lugar que fiz atrás do Alberto [Contador] não ficava triste», brincou.
Nas etapas de montanha, onde Tiago Machado espera fazer as diferenças, é provável que o ciclista da RadioShack se cruze com um velho conhecido. André Cardoso estreia-se este ano na Vuelta e quer levar mais alto o sonho que está a viver.
«É a primeira vez que estarei na Volta a Espanha e numa prova de três semanas, não sei bem como vou reagir, mas penso que, de qualquer forma, pelo menos 11 dias acho que consigo fazer a um bom nível, visto que já tenho seis anos de Volta a Portugal. A terceira semana costuma ser a mais desgastante e tenho um bocado de receio de como estarei», disse.
Com «muita vontade de lá estar», o trepador que esta época trocou a equipa do Tavira pela Caja Rural quer terminar nos 20 primeiros ou, se achar que não tem condições para o fazer, «perder algum tempo para que haja margem para as equipas que estão na liderança deem autorização para que haja fugas que cheguem com sucesso», ou seja, para lutar por uma etapa.
A presença na Vuelta «acaba por ser um sonho tornado realidade», mas André Cardoso já está a sonhar mais alto: «Gostaria muito de um dia correr uma Volta a França, saber as sensações que se sentem na prova mais mediática do mundo».

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