A 15.ª etapa da Volta a Espanha em bicicleta, uma das mais difíceis desta edição, com a chegada aos Lagos de Covadonga, acabou por ser ganha pelo último resistente de uma fuga de "segundos planos", Antonio Piedra (Caja Rural).
A etapa foi claramente cumprida em "dois níveis", o primeiro com uma fuga de quase 20 ciclistas, que se foram depois separando, com a dificuldade do traçado, e o segundo com a marcação cerrada dos três primeiros da geral - Joaquim Rodriguez (Katusha), Alberto Contador (Saxo Bank) e Alejandro Valverde (Movistar) -, que entraram juntos.
Nota de destaque para mais um dia de fraqueza do outro favorito ao triunfo final, o inglês Christopher Froome (Sky), que quando as estradas ficam mais inclinadas fica irremediavelmente para trás.
Os 186 quilómetros entre La Robla e Lagos de Covadonga são difíceis, especialmente os últimos 50, sempre em montanha. A subida de Covadonga (12 km) começa relativamente "suave" mas depois vai-se "complicando" bastante.
Logo à saída de La Robla 19 ciclistas escaparam ao pelotão, que estava visivelmente a guardar forças para mais tarde na etapa. Nove desses "aventureiros" desistiram da iniciativa, mas não os outros dez, que chegaram a ter um quarto de hora de vantagem.
O melhor na geral era Andrey Kashechkin (Astana), a mais de 22 minutos e meio, o que sossegava as equipas dos favoritos, que só entraram no jogo já quando se abordava a subida para os Lagos de Covadonga, uma montanha de categoria especial, com Bruno Pires e Sérgio Paulinho a imporem o ritmo forte desejado pelo “chefe” Contador.
O grupo em fuga foi-se desintegrando, como se esperava, e à meta chegou primeiro o espanhol Piedra, vencedor de uma etapa na Volta a Portugal em 2009, que terminou em 5:01.23 horas, 2.02 minutos à frente do seu compatriota Ruben Perez (Euskatel).
Na "segunda metade" da corrida, Valverde entrava em 11.º, a 9.25, junto de Rodriguez e Contador, que protagonizaram encosta acima mais uma sessão de ataques, o segundo, e respostas, o primeiro. Froome foi o 23.º e perdeu 35 segundos para os rivais.
O pódio final parece encontrado - não necessariamente por esta ordem - face à superioridade de Rodriguez, Contador, a 22 segundos, e Valverde, a 1.41 minutos.
Froome é o quarto, mas já a 2.16, e o quinto é o segundo Katusha, Daniel Moreno, a 4.51, sempre no apoio ao seu chefe de fila nas montanhas.
André Cardoso (Caja Rural) fez 35.º na etapa, a 11.45 minutos, e mais uma vez foi o melhor português no dia.
Hernâni Broco (Caja Rural) e Tiago Machado (RadioShack) perderam 15.50, Sérgio Paulinho (Saxo Bank) 21.10, Bruno Pires (Saxo Bank) 24.41 e Manuel Cardoso (Caja Rural) 26.22.
André Cardoso manteve na geral individual o 26.º lugar, a 18.55 minutos de Rodriguez. Tiago Machado subiu dois postos, para 39.º, a 41.56.
Mais atrasados, Hernâni Broco está em 52.º, Sérgio Paulinho em 83.º, Bruno Pires em 110.º e Manuel Cardoso em 166.º.
A alta montanha continua a ser o "prato forte" na 16.ª etapa, segunda-feira, 183,5 quilómetros de Gijón a Valgrande-Pajares (Cuitu Negru).
Pela dificuldade global, é apontada como a "etapa rainha", com uma brutal sucessão de dificuldades - San Lorenzo, La Cobertoria, Branillin, todas subidas de primeira, e depois o mítico Cuitu Negru, com 14 por cento de inclinação nos últimos três quilómetros.