O luxemburguês Andy Schleck, declarado vencedor do Tour de 2010 por desclassificação de Alberto Contador, defendeu hoje que o ciclismo deve “recomeçar do zero” depois do anúncio da anulação das sete vitórias de Lance Armstrong.

«Pessoalmente, não penso que isto vá ajudar o desporto a olhar para o que aconteceu há oito, nove, dez anos. Penso que deveríamos olhar para o futuro do ciclismo, mas há muitas coisas que não eram claras e que agora o são», disse Andy Schleck, para quem a União Ciclista Internacional (UCI) estava «um pouco obrigada» a castigar Armstrong.

Vencedor da edição de 2010 da Volta a França, devido a um positivo por clembuterol do espanhol Alberto Contador, o luxemburguês duvida dos efeitos práticos da anulação de todos os resultados desportivos do norte-americano desde 1998.

«Para os espetadores que viram o Tour, quem é o vencedor? O Ullrich? Se dermos a vitória a outro não será muito melhor. Devemos riscar [o passado] e começar do zero», acrescentou o ciclista da RadioShack, equipa originalmente formada em torno de Armstrong.

O alemão Jan Ullrich, vencedor do Tour em 1997 e “vice” do texano na “Grande Boucle” em 2000, 2001 e 2003, foi suspenso por dois anos pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) por uma infração às regras antidoping no âmbito da “Operação Puerto”.

Todos os outros “vices” de Armstrong estiveram, direta ou indiretamente, implicados em casos de dopagem.

Em 1999, o suíço Alex Zülle tinha acabado de sair de uma suspensão motivada pelo envolvimento no “affaire” Festina. O espanhol Joseba Beloki, segundo em 2002, ficou sem equipa no final da carreira durante 18 meses devido à sua suposta implicação na “Operação Puerto”.

O alemão Andreas Klöden (2004) foi acusado de recorrer à dopagem sanguínea durante o Tour2006, enquanto o italiano Ivan Basso (2005) esteve suspenso por dois anos depois de admitir a sua implicação na “Operação Puerto”.