O ex-ciclista Lance Armstrong negou hoje ter obrigado outros ciclistas a dopar-se, recusando uma responsabilidade que atribuiu às opções de cada um, e assumiu não ter sentido estar a fazer batota enquanto se dopou.

«Eram tempos competitivos. Éramos todos homens adultos, fazíamos as nossas escolhas. Houve pessoas na equipa que optaram por não o fazer», afirmou em entrevista à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey.

No relatório de 164 páginas resultante da investigação da Agência Antidopagem norte-americana (USADA), que fundamentou a decisão da União Ciclista Internacional (UCI) de «apagar» todos os resultados desportivos do norte-americano, há vários testemunhos que garantem ter sido introduzidos no doping por pressão de Armstrong.

O antigo ciclista recusou-se a falar de Michele Ferrari, o médico italiano que alegadamente era o cérebro do esquema de dopagem estabelecido na US Postal, por não se sentir «confortável» a falar de outras pessoas, uma resposta semelhante à que deu quando questionado sobre se outros ciclistas no pelotão da Volta a França se dopavam.

Armstrong, que só se mostrou incomodado pelo relatório da USADA dizer que se dopou durante o seu regresso à competição, uma vez que a última vez que «cruzou essa linha» foi em 2005, reconheceu que cometeu «alguns erros» na sua vida.

«Sinto-me envergonhado», acrescentou. Apesar da vergonha, disse que conseguiu sentir felicidade na altura, sobretudo na preparação das corridas, até porque, então, não sentia que estivesse a fazer algo de errado, nem a fazer batota.

Em relação ao porquê do doping, Lance Armstrong reconheceu que, a dada altura, era preciso «ganhar a todo o custo», e confessou também sentir-se «embaraçado» com alguns discursos que proferiu, nomeadamente após o final do Tour de 2005, em que desafiou os que não acreditavam no ciclismo e nos ciclistas.