Luís Horta considera que os traçados das últimas edições do Tour, bem como de outras grandes provas velocipédicas, acabam por potenciar o recurso ao doping.

Numa entrevista à BolaTV que teve a confissão de Lance Armstrong como 'pano de fundo', o presidente da Autoridade de Anti-Dopagem reiterou ainda a importância do combate ao doping e a sua veemente oposição à ideia de despenalizar o uso de substâncias ilícitas em determinadas provas.

«Na luta contra a dopagem não está em causa apenas a verdade desportiva. Está também em causa a saúde pública. E se o doping passasse a ser despenalizado passávamos a ter casos e mais casos de atentados à saúde pública», afirma o líder da luta contra o doping em Portugal, centrando-se de seguida no caso do norte-americano Lance Armstrong: «Qualquer pessoa tem direito a ser reabilitada. Mas não pode ser considerado, como já li, um ídolo. Ídolo? Porquê? O desporto não serve para isto. Um pai não mete o filho a praticar desporto para isto.»

Sobre a generalização do doping no Tour, Luís Horta, que acompanhou a prova de perto como observador independente em 2003, denuncia várias situações suspeitas. Desde avisos com antecedência aos ciclistas que seriam controlados a falhas na vigilância e acesso aos corredores após a prova, muitos foram os casos que deixaram o presidente da Autoridade de Anti-Dopagem em sobressalto.

O responsável pelo combate ao doping mostrou-se convicto que o português José Azevedo, antigo companheiro de Armstrong, não esteve envolvido no sistema denunciado pela Agência Norte-Americana de Anti-Dopagem (USADA). «Se lermos o acórdão da USADA, vemos que em nenhum momento o nome de José Azevedo aparece mencionado. Por vezes dizia-se que toda a equipa se dopava, mas o nome dele nunca é, diretamente, mencionado».

Contudo, Luís Horta manifesta a esperança num desporto limpo de doping. «Não podemos generalizar. Quero acreditar que há ciclistas limpos», rematou.