Cândido Barbosa embarcou numa nova aventura, a de ser o diretor da Volta ao Algarve, e está a viver os dias que faltam para o arranque com a mesma emoção que sentiu quando se estreou na prova como ciclista.

«É quase como aquela emoção de quando fui correr a primeira volta ao Algarve como profissional», disse à agência Lusa o antigo ciclista sobre a estreia como rosto da organização de uma prova por etapas.

Na preparação para os quatros dias de “Algarvia”, Cândido Barbosa não descurou os detalhes: à ansiedade de assumir a nova função respondeu fazendo os trabalhos de casa, com uma preparação “adequada” e “intensiva”, realizada apenas no último mês, devido ao curto espaço de tempo que teve para delinear a corrida. 

«Sendo a minha estreia, digamos que é um belíssimo batismo», reconheceu.

Os únicos problemas com que se deparou foram «a falta de tempo e o facto de começar algo do zero», tão do zero que nem um autocolante identificativo para um carro havia.

«Temos um apoio muito importante, que é fundamental, o da Associação [de Ciclismo] do Algarve. Sem eles era quase impossível, porque eles ficaram responsáveis pela parte das equipas, pela marcação dos percursos, pelo licenciamento dos mesmos e os pareceres da GNR. A realização desta prova era quase impossível sem a ajuda da Associação do Algarve», destacou.

Aquele que, antes de abandonar o profissionalismo em 2011, era conhecido nas estradas portuguesas como “ciclista do povo”, abraçou a nova aventura um pouco por acaso.

«Isto aconteceu um bocadinho ao contrário. Eu tenho parceria com estes amigos e quando percebi que a Volta ao Algarve não se iria realizar propus-lhes que pudessem organizar a Volta para que esta não caísse», começou por explicar.

Numa primeira análise, a TTW/MAIPEX achou que a estreia na organização de provas velocipédicas não era viável, depois decidiu avançar com uma concessão de cinco anos «para poder amortizar todos os hipotéticos prejuízos que a prova este ano pudesse dar».

«Foi aí que as coisas surgiram e que eu fiquei responsável pela parte desportiva da prova», completou.

Para o antigo corredor, esta será sempre uma boa Volta ao Algarve, por não ter deixado cair a corrida e esta manter-se na mesma data.

«Essa foi logo a nossa primeira grande vitória nesta Volta ao Algarve. Um remate final será mesmo que a corrida possa proporcionar um excelente espetáculo a todos os amantes do ciclismo, porque como já deu para perceber o pelotão é do mais alto nível em termos desportivos. E, na minha opinião, quem efetivamente vai sair a ganhar com tudo isto são os amantes do ciclismo e os nossos parceiros», garantiu.

O novo diretor da “Algarvia” assumiu que seria “a cereja no topo do bolo” que um português saísse vencedor da 39.ª edição.

«Para mim, se isso acontecesse, era uma ótima estreia, porque eu fui emigrante e quando vinha cá correr, vinha com todas as armas e com toda a garra. Ainda há pouco estive a falar com o Rui Costa, que queria reconhecer o contrarrelógio. Se ele o quer ver é porque tem intenções de… tanto ele como o Tiago Machado acho que têm ótimas condições para estar na discussão», disse.

Cândido Barbosa acredita que os restantes emigrantes portugueses poderão estar na discussão das etapas, no caso do Manuel Cardoso, ou de outras classificações secundárias, como a montanha, no caso do André Cardoso.

«Para mim, nesse sentido, à parte de tudo, era um enorme orgulho que na nossa primeira organização e depois de todos estes anos nos termos quase habituado a ver ciclistas estrangeiros do mais alto nível vencer que vencesse um português», concluiu.