David Blanco, o ciclista mais importante da última década na Volta a Portugal, ganhou a inédita quinta amarela e mergulhou num profundo silêncio de meses, retirando-se da modalidade sem se despedir, para seguir tranquilamente o seu caminho.

«Não gosto nem de grandes festas, nem de despedidas, pelo que simplesmente desaparecer pareceu-me a melhor das formas de continuar o meu caminho», explicou o corredor galego à agência Lusa por e-mail.

Desaparecido desde que se tornou o recordista de vitórias na Volta a Portugal, David Blanco fechou as contas nas redes sociais e desligou o telemóvel. «Uma forma de começar do zero era eliminar as minhas contas de Twitter e Facebook... agora já não sou essa pessoa», continuou.

Agora, David Blanco, o ciclista, é apenas mais um habitante anónimo da Guiné-Equatorial, para onde emigrou para juntar-se à mulher, que já ali vivia em 2012, quando o espanhol ganhou a Volta pela quinta vez.

«Nesta vida não se pode ter tudo e prefiro estar com ela do que estar na Europa a correr. Realmente tinha boas propostas de Portugal e de equipas de fora de Portugal para continuar, mas depois de muito pensar decidi que era melhor procurar outras metas», revelou à Lusa.

Chegou, portanto, o fim da linha no ciclismo para David Blanco, de 38 anos, que abandonou a modalidade sem qualquer oficialização, anúncio ou comunicação, e regressou à carreira que abraçou em 2002, quando abandonou temporariamente as bicicletas.

«Basicamente, comprar barato e vender caro ou vender caro e comprar barato», brincou, especificando que não opera ações, mas sim futuros e divisas.

Para o cinco vezes vencedor da mais importante prova velocipédica internacional, tudo está perto graças à internet, menos a sua querida Volta, da qual vai ter muitas saudades durante o mês de agosto.

Mas a decisão está tomada e não há volta atrás. «Agora sou simplesmente David Blanco, aqui quase ninguém sabe quem sou e prefiro que seja assim. Gosto da normalidade, nunca gostei nem precisei a fama para ser mais feliz», confessou.