Quintino Rodrigues, ciclista profissional entre 1992 e 2004 com muitas vitórias em etapas e clássicas do ciclismo português e internacional, abraçou agora a carreira de empresário, representando desde janeiro a emrpresa PECOL em Angola.
A empresa, que comercializa produtos, sistemas, soluções de fixação e montagem industrial, foi fundada em Águeda, no centro de Portugal, em 1983, altura em que, segundo Quintino Rodrigues, as corridas de bicicleta eram mais fáceis.
«Era mais fácil andar de bicicleta. Estas corridas são bem mais complicadas. São mais sinuosas. Têm outras complicações que não a andar de bicicleta, porque focava-me no objetivo e no treino. As dificuldades eram mais físicas e agora são muito mais técnicas», disse.
Das muitas vitórias ao longo da carreira profissional, que o levou desde o Feirense à equipa polaca do CCC-Polsat, passando pela Sicasal, Benfica e a espanhola Kelme, Quintino Rodrigues, agora com 42 anos, foi considerado um dos melhores trepadores da sua geração.
Vencedor da Volta a Portugal do Futuro, em 1995 e da edição de 1999 do Porto-Lisboa, Quintino Rodrigues ficou duas vezes em segundo lugar na Volta a Portugal e ganhou o Premio da Juventude nos dois primeiros anos em que participou (1992 e 1993).
Na carreira internacional, uma das vitórias mais celebradas foi a clássica Escalada de Montjuich, em 1994.
Agora, convertido em empresário, Quintino Rodrigues considera que precisa de fazer «uma ginástica tremenda para estar à frente da concorrência». Para, como diz, «estar no momento certo no negócio certo».
Quando deixou o ciclismo profissional entrou para a PECOL e foi subindo na empresa, até chegar onde está.
«A PECOL já intervém neste mercado há bastante tempo. A nossa estratégia cá é abastecer os clientes que já temos e conquistar outros mercados», explicou, ao mesmo tempo que destaca as diferenças entre o mercado português e angolano.
«Na verdade é muito diferente. Os negócios são outros, de outra dimensão, as oportunidades são maiores. Em Portugal, o negócio que está ligado à construção, à indústria, está bastante estagnado e com uma quebra bastante acentuada», considerou.
Quanto a Angola, que comparou a um «estaleiro autêntico», Quintino Rodrigues percebe que já não é o «El Dorado de há uns anos» devido às dificuldades criadas pela concorrência de outros países como a Turquia, Alemanha e Índia.
«Os chineses também estão cá com muita força. (Angola) não é o que era há uns anos, mas ainda há bastantes oportunidades, porque é um país, como costumo dizer, o país em si é um estaleiro autêntico», frisou.
Virado para os negócios, a oportunidade de voltar a subir para uma bicicleta já surgiu e até um convite para colaborar com a Federação Angolana de Ciclismo, mas a prioridade agora chegar é primeiro que a concorrência das outras empresas.
Além da dedicação que a empresa requer, Quintino Rodrigues aponta o trânsito rodoviário como outra dificuldade para a prática de ciclismo.
Atento ao ciclismo atual, Quintino Rodrigues não escondeu a satisfação pelas vitórias de Rui Costa na Volta à França, que termina hoje em paris.
«Estou sempre atento. Recebi a notícia que o Rui Costa acaba de ganhar a segunda etapa na Volta à Franca, o que para quem está longe como eu, a tantos quilómetros, é sempre uma alegria e uma satisfação muito grande», rejubilou.