Alberto Contador viveu hoje um regresso ao passado ao vencer no Alto do Malhão, na quarta etapa da Volta ao Algarve, depois de uma exibição semelhante àquelas a que habituou o público nos anos em que dominava o ciclismo.

O ciclista espanhol, vencedor do Tour em 2007 e 2009, atacou por três vezes para deixar para trás o camisola amarela Michal Kwiatkowski (Omega Pharma-Quick Step), terceiro a dez segundos, e o português Rui Costa, segundo a três, e vencer a etapa “rainha” desta edição da “Algarvia”.

“É um final que se adapta às minhas características. A equipa trabalhou muito na frente, não há melhor maneira para compensar o trabalho do que com uma vitória”, reconheceu o segundo classificado da geral individual.

Com o alto do Malhão colocado estrategicamente perto da meta, cabia aos animadores de serviço assegurar o seu lugar na crónica do dia.

Foi logo no quinto quilómetros que Pablo Lastras (Movistar), Michael Delage (FDJ.fr), Laurens de Vreese (Wanty-Groupe Gobert), Jimmy Engoulvent (Europcar), Julien Fouchard (Cofidis), Paul Voss (Netapp-Endura), Diego Rubio (Efapel-Glassdrive) e Soufianne Haddi (SkyDive-Dubai) assumiram a frente da corrida, numa tentativa de fuga rapidamente consolidada, que chegou quase à barreira dos cinco minutos.

Enquanto lá atrás os candidatos reservavam as forças para a segunda passagem na contagem de segunda categoria, os fugitivos iam-se revezando no trabalho de grupo, um esforço que, contudo, se revelou infrutífero na aproximação à meta, situada a 164,5 quilómetros depois da saída em Almodôvar.

A primeira subida ao Malhão fez a primeira triagem, com o grupo dos fugitivos, encabeçado por Laurens de Vreese, e o pelotão, comandado pela Omega Pharma-Quick Step, a passarem totalmente desmembrados, numa antevisão do que seria o final.

Rui Costa atacou primeiro depois de ter reparado que Michal Kwiatkowski ia “justo de forças” e levou na roda Contador que, ao melhor estilo de tempos mais antigos, levantou-se na bicicleta e testou as forças da concorrência uma, duas, três vezes.

Pode dizer-se que à terceira foi mesmo de vez e a aceleração final deixou para trás o campeão do Mundo português e também o camisola amarela, com Contador a festejar pela segunda vez (a primeira foi em 2010) no alto do Malhão.

“Era um final demasiado curto para fazer grandes diferenças, e ainda assim dez segundos é muito tempo. Quis apostar mais pela etapa do que pela geral”, destacou o homem da Tinkoff-Saxo, que cortou a meta com o tempo de 04:02.08 horas e fez a festa do pódio na presença da mulher Macarena, a quem entregou as flores que recebeu como vencedor.

O regresso de “El Pistolero” aos triunfos, depois de uma época em que esteve longe da sua melhor forma, não foi, contudo, acompanhado de nova amarela para juntar às conquistadas na “Algarvia” em 2009 e 2010.

Essa manteve-se segura no corpo de Kwiatkowski que, agora, já saboreia a vitória: “A parte mais dura está feita e amanhã [sábado] só temos de ter cuidado para não acontecer nenhum acidente”.

O triunfo na 40.ª Volta ao Algarve, que termina no domingo em Vilamoura depois de uma ligação que parte de Tavira 155,8 quilómetros antes, só em caso de queda vai fugir ao jovem polaco, que tem 16 segundos de vantagem para Contador e 29 para Costa.