A longa espera de Alejandro Marque, vencedor da Volta a Portugal de 2013, teima em continuar, com o ciclista galego a viver encurralado por um processo de doping que, desde há quatro meses, não o iliba nem acusa.
A 13 de dezembro de 2013, um título discreto, quase no final da primeira página na edição online do jornal El País, indicava “Vencedor da Volta a Portugal positivo”. A “dica” foi suficiente para criar um rebulício de informação e contrainformação nos meios de comunicação portugueses, adensado por um comunicado da Movistar que indicava a não entrada em vigor do contrato de Alejandro Marque devido ao positivo por betametasona.
“Estava tudo tranquilo e quando saltou a notícia o primeiro surpreendido fui eu. Vês uma notícia que nunca nenhum ciclista quer ver na sua carreira e cai-te o mundo em cima. Estava numa situação que, para mim, era a situação mais topo da minha carreira – vitória na Volta a Portugal, contrato com a melhor equipa do mundo. Estava a viver um sonho e, de repente, começou um pesadelo”, descreveu à Agência Lusa.
Desde aí, a vida de Marque está suspensa numa espera que não encontra respostas, nem da União Ciclista Internacional (UCI), nem da Real Federação Espanhola de Ciclismo (RFEC), que contactada pela Lusa respondeu apenas que o processo continua a decorrer em segredo.
“Houve um primeiro contacto da UCI a questionar-me se tinha tomado algum tipo de corticoides. Disse que sim, que uma semana antes tinha feito duas infiltrações, que se quisessem lhes mandava a declaração de uso. Foi simplesmente isso. Ficou por aí o tema, até que saiu a notícia do El País, que publicam uma notícia ‘positivo do vencedor da Volta a Portugal’, quando não há nenhum tipo de positivo. Simplesmente está a estudar-se o caso na RFEC e espero que respondam o mais rápido possível”, salientou.
De consciência tranquila, Marque, que quando venceu a Volta a Portugal de 2013 corria com as cores da OFM-Quinta da Lixa, reconhece que sabia da existência da betametasona, sabia que era utilizada em infiltrações, “para curar lesões”.
O ciclista de A Estrada, a 50 quilómetros a pedalar desde Pontevedra, via a betametasona ser “continuamente” utilizada em outros desportos, por isso nunca pensou que ao recorrer a este fármaco estaria a cometer qualquer infração.
“Há jogadores que se infiltram para um jogo de futebol e não acontece nada. O que é diferente? Acontece no ciclismo e já dão como positivo. Amplifica-se tudo”, relembrou, referindo aos muitos e públicos casos de futebolistas que jogam após sujeitos a infiltrações.
A opção de realizar uma infiltração foi, segundo o próprio, apenas uma segunda solução para um problema que teimava em desaparecer: “Recorremos a um médico, dado que quando acabou o [Grande Prémio] Joaquim Agostinho tinha umas certas dores. Primeiro optou-se por fazer um tratamento de analgésicos, anti-inflamatórios. Como não diminuíam as dores e já tinha crepitação no joelho e não conseguia recuperar-me recorremos a um especialista, que nos disse que a opção para tratar essa lesão era uma infiltração”.
Marque fez uma primeira infiltração em julho de 2013, que amenizou as dores, e na semana seguinte voltou a fazer, “sempre” tendo em conta os prazos que estipula a UCI, que é uma semana antes da competição.
“Alex” não tem dúvidas de que o esteroide que tomou não faz ninguém “andar mais, nem menos” e que não foi esse o fator que ditou o seu êxito na edição de 2013 da Volta a Portugal.
Agora, Marque, que mesmo sem estar suspenso não encontra equipa, foi despedido pela Movistar, e que mesmo sem estar a correr já foi controlado cinco vezes desde dezembro de 2013, espera e desespera: “A UCI disse-me apenas que apareceu a substância, a betametasona, na quarta etapa, e que tinha de justificar. Justifiquei agora com a RFEC e estou à espera”.

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