O ciclista italiano Stefano Pirazzi (Bardiani-CSF) abstraiu-se das polémicas de bastidores da Volta a Itália para impor-se na frente do grupo de fugitivos no final da 17.ª etapa, corrida pelo pelotão em ritmo de descanso.
Foi com lágrimas nos olhos que Pirazzi, de 27 anos, festejou o seu primeiro triunfo como profissional, conseguido depois de um ataque fulminante à entrada do último quilómetro que surpreendeu os seus companheiros de fuga, que nada mais puderam fazer do que assistir de perto ao levantar de braços do vencedor da camisola da montanha de 2013.
Mas a 17.ª etapa correu-se mais fora do que dentro da estrada. Antes do pelotão começar a rolar, já a corrida estava bastante movimentada, com as reuniões entre responsáveis pelas equipas, o colégio de comissários e a direção a sucederem-se na tentativa de resolver a polémica questão da neutralização que não foi da descida do Stelvio.
A informação errada propagada pelo Rádio Volta na véspera de que a descida do Stelvio teria de ser feita em grupo, com uma moto a controlar as movimentações do pelotão para evitar ataques, motivou protesto das equipas dos principais rivais do camisola rosa Nairo Quintana, o maior beneficiado de confusão que reinou na estrada durante a 16.ª etapa.
Quintana acelerou na descida, quando era suposto seguir atrás da moto de bandeira vermelha, e os seus colegas não o perdoaram, com os responsáveis da Omega Pharma-Quickstep, do anterior líder Rigoberto Uran, da Tinkoff-Saxo, do quinto classificado Rafal Majka, da Astana, do sexto Fabio Aru, e da Trek, do décimo Robert Kiserlovski, a considerarem-se lesados e a pedirem a anulação dos resultados ou a retirada de dois minutos ao colombiano.
E se a direção da “corsa rosa” optou por nada fazer, o mesmo não se pode dizer da União Ciclista Internacional (UCI) que optou por lançar “achas” para a fogueira, alimentando a confusão com uma polémica publicação no Twitter.
“Preocupados com a segurança, os organizadores tomaram a iniciativa de colocar motos diante dos grupos na descida do Stelvio. Isso deveria ter sido aprovado pelos comissários e coordenado e comunicado às equipas de forma mais eficaz. Mas a segurança é, sem dúvida, a principal preocupação para todos os organizadores da prova e para a UCI”, pode ler-se na conta oficial da entidade.
Polémicas à parte, o pelotão aproveitou a etapa de transição para “descansar” as pernas para o que ainda aí vem, permitindo a chegada bem-sucedida de uma fuga de 25 elementos que se formou só depois de decorridos 70 quilómetros.
Foram os fugitivos a fazer as despesas dos 208 quilómetros entre Sarnonico e Vittorio Veneto, com a corrida a decidir-se com o ataque de Thomas De Gendt (Omega Pharma-Quickstep) a 30 quilómetros para a meta.
Com o belga seguiram mais quatro ciclistas, entre os quais Pirazzi, o feliz vencedor: “Sabia que entre os cinco primeiros seria difícil chegarmos juntos e que não teria qualquer hipótese contra eles”.
O belga Tim Wellens (Lotto Belisol) foi segundo, com Jay Mccarthy (Tinkoff-Saxo) a ser terceiro e De Gendt quarto, com o tempo de 4:38.11 horas.
André Cardoso chegou integrado no pelotão, onde seguia o camisola rosa Nairo Quintana (Movistar), a 15.35 minutos.
Na quinta-feira, os favoritos terão nova oportunidade de lutar pela liderança, nos 171 quilómetros entre Belluno e Rif. Panarotta, com a meta a coincidir com uma contagem de primeira categoria.