Vincenzo Nibali igualou hoje o número de etapas que Chris Froome somou rumo ao triunfo na Volta a França em bicicleta de 2013, festejando, à 13.ª tirada, a terceira vitória e consolidando o estatuto de favorito.

Sólido camisola amarela até à entrada dos Alpes, o italiano da Astana enfrentou a primeira etapa alpina com a mesma segurança que lhe permitiu conquistar outras duas vitórias, saindo ainda mais líder de Chamrousse, a primeira meta a coincidir com uma contagem de montanha de categoria especial, depois do colapso do australiano Richie Porte (Sky) e da fraca resposta do seu novo vice, o espanhol Alejandro Valverde (Movistar).

"Quis, sobretudo, controlar a corrida e ganhar um pouco de tempo. Pensei especialmente no Valverde. Pensei que ele conseguiria apanhar-me, porque, na frente, não tive qualquer ajuda. A subida era interminável, nunca mais acabava”, disse Nibali, que, ao contrário do português Rui Costa (Lampre-Merida), novamente no “top 10”, nunca pareceu em dificuldades e até já igualou o número de vitórias do britânico Chris Froome no ano passado – e ainda faltam sete etapas para disputar.

Mas, antes do “show” do camisola amarela em Chamrousse, havia 197,5 quilómetros a percorrer desde Saint-Étienne, o que, inevitavelmente, “obrigava” a uma fuga, um requisito cumprido por Giovanni Visconti (Movistar), Alessandro De Marchi (Cannondale), Jan Bakelants (Omega Pharma-Quickstep), Blel Kadri (AG2R), Kristjan Durasek (Lampre-Merida), Daniel Oss (BMC), Rudy Molard (Cofidis), Bartosz Huzarski (NetApp-Endura) e Brice Feillu (Bretagne).

Depois de várias composições, aos 40 quilómetros a fuga estava formada com nove aventureiros, que foram perdendo os quatro minutos de vantagem à medida que a estrada inclinava e que a Movistar, FDJ e a Sky perseguiam, com De Marchi a ser o último dos resistentes, aguentando até à marca dos 13 quilómetros para a meta.

De fora do trabalho de perseguição, até à entrada na subida de categoria especial, ficou a Astana, que viu Jakob Fuglsang, vítima de uma queda a 35 quilómetros da meta, ser um dos azarados do dia – entre os outros, destaque para o espanhol Dani Navarro (Cofidis), nono em 2013, que desistiu.

Mas Nibali nem precisava da equipa. No momento mais significativo da 13.ª etapa (e talvez mesmo deste Tour), o camisola amarela deu-se ao luxo de se afastar do grupo de favoritos para assistir in loco ao colapso do segundo classificado à partida, o australiano Richie Porte (Sky), que ficou parado, sem reação, a 12 quilómetros do alto.

Não seria a única demonstração de força do italiano: primeiro respondeu a um forte ataque de Alejandro Valverde (Movistar), levando na sua roda o francês Thibaut Pinot (FDJ), depois desferiu uma arrancada fulminante, a 6,6 quilómetros de Chamrousse, deixando para trás os seus companheiros momentâneos de corrida e ultrapassando o polaco Rafal Majka (Saxo-Tinkoff), segundo na meta a 10 segundos, e o checo Leopold Konig (NetApp-Endura), terceiro a 11, que se tinham isolado na subida.

Lá atrás, enquanto Valverde e Pinot minimizavam os danos (perderam 50 segundos na meta), Romain Bardet, o jovem escalador de 22 anos da AG2R e o norte-americano Tejay Van Garderen (BMC) lançaram-se na perseguição ao “Tubarão do Estreito”, deixando para trás o grupo de Rui Costa – o português seria 15.º, a 03.01 minutos -, e perdendo apenas 01.23 minutos na meta.

O resultado deixa Bardet na terceira posição, atrás de Valverde que, à 13.ª etapa, já está a 03.37 minutos da amarela. Longe do pódio parece estar, definitivamente, o campeão do mundo português que, apesar de ter regressado ao “top 10”, mais concretamente ao nono lugar, está a 08.35 minutos do primeiro lugar e a mais de quatro do francês da AG2R.

No sábado, os Alpes voltam a estar no mapa da 14.ª etapa, uma dificílima tirada de 177 quilómetros entre Grenoble e Risoul, com passagem no ponto mais alto desta 101.ª edição, o Col d’Izoard, uma contagem de categoria especial que antecede a de primeira em que termina o dia.