Ramunas Navardauskas cumpriu hoje o seu sonho ao vencer a 19.ª etapa da Volta a França em bicicleta, depois de seguir na perfeição a estratégia da Garmin-Sharp e de beneficiar de uma queda no pelotão.

O jovem lituano lançou-se na frente de corrida no Côte de Monbazillac, uma ligeira contagem de quarta categoria situada a 15 quilómetros da meta, aproveitou as ténues forças de Tom-Jelte Slagter, o seu colega e último resistente da fuga do dia, e viu os deuses, que castigaram os ciclistas com um temporal, ajudarem-no, quando a perseguição que lhe era feita foi afetada por uma queda a dois quilómetros da meta em Bergerac.

“Era um grande sonho meu vencer uma etapa na Volta a França e finalmente consegui. Tenho de agradecer imenso aos meus companheiros, que me deram um assombroso apoio para esta vitória. Não estava nada à espera deste triunfo”, assumiu o corredor de 26 anos, antes de subir ao pódio.

Esperava-se uma etapa tranquila, sem dificuldades, na véspera do último momento decisivo da 101.ª Volta a França, mas este Tour não poupa ninguém e a chamada tirada de transição transformou-se num dia de sobrevivência para o pelotão, como comprovam os mais de 50 furos registados ao longo dos 208,5 quilómetros entre Maubourguet Pays du Val d'Adour e Bergerac.

Debaixo de um dilúvio permanente, Cyril Gautier (Europcar), Martin Elmiger (IAM Cycling), Arnaud Gérard (Bretagne Séche-Environment), Tom-Jelte Slagter (Garmin-Sharp) e Rein Taaramäe (Cofidis) fizeram quase 200 quilómetros em fuga, depois de saltarem do pelotão ainda antes da marca dos cinco quilómetros.

Apesar do esforço, o quinteto, que teve momentos de desentendimento em plena corrida, nunca teve a vitória na 19.ª etapa ao alcance, porque, lá atrás, os perseguidores não permitiram que a vantagem ultrapassasse os quatro minutos, muito por culpa da Cannondale de Peter Sagan, que queria (e conseguiu) assegurar já hoje a conquista da terceira camisola verde consecutiva em três presenças para o jovem eslovaco.

A alegria de Sagan foi apenas momentânea, porque, a dois quilómetros na meta, numa curva com a estrada molhada, o pelotão desmoronou-se como um castelo de cartas, com o desolado Sagan a ficar, mais uma vez, afastado da vitória na etapa – parece que vai mesmo sair deste Tour com os vários segundos lugares como melhor resultado.

A queda apanhou nomes grandes como o francês Romain Bardet (AG2R), quinto da geral, o checo Leopold Konig (NetApp-Endura), nono, ou o luxemburguês Franl Schleck (Trek), e destroçou os comboios de preparação do sprint, que não conseguiriam alcançar o atrevido Navardauskas, sempre à vista, mas nunca alcançado.

Estava cumprido o sonho do quatro vezes campeão lituano, que à vitória no Giro 2013, juntou hoje a do Tour2014, conseguida depois de 04:43.41 horas a pedalar debaixo de chuva.

“Estava planeado colocar alguém na fuga. O Tom fez um trabalho tão extraordinário no final, agradeço-lhe o esforço que fez para me ajudar na subida. Quando estás assim na frente só pensas em não desapontar os teus companheiros”, disse Navardauskas, que se fundiu num abraço de agradecimento a Slagter.

Em Bergerac, enquanto o lituano festejava, o alemão John Degenkolb (Giant-Shimano) e o norueguês Alexander Kristoff (Katusha) lutavam pelo segundo lugar, com o primeiro a levar a vantagem.

A conta gotas, mas creditados com os mesmos sete segundos de diferença para o vencedor, foram chegando os homens da geral, que ficaram cortados na queda.

No sábado, só o italiano Vincenzo Nibali (Astana) vai partir para os 54 quilómetros de contrarrelógio entre Bergerac e Périgueux com a camisola amarela bem segura. A discussão pelo pódio está ainda em aberto, com os franceses Thibaut Pinot (FDJ) e Jean-Christophe Péraud (AG2R) e o espanhol Alejandro Valverde (Movistar) a estarem separados por apenas 15 segundos.