Os “escudeiros” que hoje acompanharam Rui Costa na defesa do título de campeão do Mundo de ciclismo saíram com o sentimento de missão cumprida de Ponferrada, Espanha, apesar de lamentarem o resultado do seu líder.

Tiago Machado, segundo melhor português na prova de fundo dos Campeonatos do Mundo de estrada, voltou a queixar-se da sua equipa, a NetApp-Endura, que depois de não lhe ter dado uma “cabra” para treinar o contrarrelógio, mostrou de novo deficiências técnicas na preparação da bicicleta.

“Quando não chegamos mais à frente, não por incapacidade física, mas porque a bicicleta não está à altura das exigências, é claro que ficamos frustrados. Talvez não tenha escolhido bem o par de travões que levei hoje, neste tempo é incrível, porque vamos a travar, travar e parece que a estrada ganha mais velocidade. Desgastei-me bastante nas descidas, porque entrava mal colocado e depois tinha de recolar na subida e, quando começava a descer outra vez, era o pânico”, resumiu, depois de ter chegado ao autocarro da seleção nacional irritado.

No entanto, “Tiaguinho” referiu que a bicicleta “não é desculpa” para ter sido 54.º, “porque os ciclistas que ficaram na frente estavam mais bem preparados”.

“Claro que saio [satisfeito]. Uma pessoa aprende com os erros. Não vamos esquecer que este é apenas o meu terceiro mundial como elite”, recordou.

Nelson Oliveira, o outro português a ter concluído os 254,8 quilómetros de Ponferrada2014, defendeu que ele e os restantes companheiros fizeram “tudo” para que Rui Costa estivesse bem colocado.

“Tentámos ajudá-lo até onde pudemos. As coisas no final não correram como nós queríamos. Foi um dia bastante duro, com muita chuva, um percurso muito exigente, algo técnico, muito perigoso. Fiz o meu trabalho, penso que o Rui está contente comigo com o trabalho que fiz”, acrescentou o companheiro de Costa na Lampre-Merida.

Sérgio Paulinho, que desistiu na penúltima volta ao circuito, assumiu que “as forças acabaram”.

“Tentámos durante todo o dia ajudar ao máximo o Rui, levá-lo sempre o mais bem colocado possível. E, no final, com o frio, a chuva desgastou bastante e as forças acabaram por ceder”, confessou o experiente ciclista da Tinkoff-Saxo.

Os outros dois desistentes foram “vítimas” de azares, que os impediram de seguir o ritmo da corrida. André Cardoso ficar envolvido numa queda com o australiano Cadel Evans e José Mendes teve um furo.

“Este ano acabei por não ter outra vez grande sorte. Fiquei numa queda à falta de nove voltas, a bicicleta não ficou em grandes condições. Depois tive de aguardar que viesse o carro. A posição não era a melhor, a corrida ia lançada e, quando passei na meta, era um dos últimos. A Itália pegou na corrida e nunca mais consegui recuperar”, lamentou Cardoso.

O pequeno trepador da Garmin-Sharp admitiu que hoje “as sensações não eram nada de especial”: “Não me sinto muito bem. Acaba por ser inglório, depois de tanto trabalho, tantos treinos, chegar aqui e não poder estar com o rui na parte mais importante.

Já José Mendes sente que, até ter o furo, estava a fazer uma boa corrida, ao conseguir manter-se no pelotão.

“Foi daqueles furos que não se dá por ela logo e, na volta em que a Itália acelerou, ia lá, mas estava-me a custar muito. Quando me apercebi, troquei de roda, mas foi impossível recolar”, explicou.