Os dias de incerteza e doença acabaram para Rein Taaramae e hoje, com a confiança da Astana, o ciclista estónio espera ter uma palavra a dizer no alto do Malhão e, quem sabe, na Volta ao Algarve.

O eterno campeão da Estónia (tem três títulos nacionais de contrarrelógio e dois de fundo) mostra-se sempre acessível. Sai do autocarro da Astana, senta-se num banco e disponibiliza-se a falar. "Em inglês ou francês, espanhol é que não". Não que não perceba, mas o castelhano não lhe permite conversar tanto quanto gosta.

Aos 27 anos, a `raposa' está mais alerta do que nunca, depois de ter vivido um verdadeiro pesadelo nas últimas temporadas, que o impediu de provar o seu real valor, atestado pelo 11.º lugar na sua segunda presença na Volta a França, em 2011, e por vários resultados de relevo, entre os quais figura um segundo lugar no Grande Prémio de Portugal, em 2008, no seu primeiro ano como profissional.

"Tive muitos problemas. Tive mononucleose, depois tive um outro problema, de respiração. Descobri a solução do meu segundo problema só no ano passado, em abril", recordou à agência Lusa.

Operado à laringe para retirar tecido, de modo a poder, finalmente, respirar, o jovem Taaramae voltou, poucas semanas depois da operação, a demonstrar todo o potencial que lhe era reconhecido no pelotão.

"Aí as coisas começaram a correr melhor. Ganhei na Turquia, fiz uma boa Volta a França. Na parte final da época, ganhei o Tour du Doubs. Terminei a época já com alguma confiança. Agora, fiz uma ótima preparação no inverno, mudei de preparador. Sinto-me, outra vez, em muito boa condição", garantiu.

A excelente forma física tem sido notória na Volta ao Algarve, seja pelo segundo lugar na segunda etapa, mesmo depois de ter passado a madrugada em claro com problemas gastrointestinais, seja pela confirmação que hoje, no alto do Malhão, vai tentar.

"É uma subida difícil, mas o problema é que é demasiado pequena. É possível ganhar a etapa, mas para a classificação geral é muito pequena. Mas ainda é possível", disse, otimista.

O estónio está feliz na Astana e não é para menos, já que, há menos de um ano, sentia-se inseguro quanto ao seu futuro na modalidade.

"Procurei sempre encontrar a solução para os meus problemas de saúde, mas, ao mesmo tempo, algumas vezes, poucas, desanimava e pensava que nenhuma equipa iria confiar em mim. É difícil encontrar uma equipa neste mundo e eu estava muito, muito mal. Foi muito complicado para mim. Nunca pensei em desistir, mas achava que seria muito difícil encontrar uma equipa boa se continuasse assim", confessou.

O pior já passou para o ainda jovem corredor, que agora se recusa a estabelecer grandes metas, preferindo sim sentir outra vez prazer na bicicleta. Consciente de que, pela ausência de resultados, não pode ser um dos líderes da formação cazaque, pelo menos nas grandes voltas, Taaramae sente-se preparado para ajudar no trabalho de equipa e, se possível, estar no `Tour´ a ajudar o italiano Vincenzo Nibali a revalidar o cetro conquistado no ano passado.

"Normalmente, estaria no `Tour´. Estou na lista, mas há muitos corredores que podem estar no `Tour´. Mantenho a minha cabeça tranquila", completou.