A Astana provocou hoje uma definição na classificação geral da Volta a Itália em bicicleta, aproveitando uma etapa de dificuldade moderada para reduzir a concorrência, num dia em que brilhou o promissor Davide Formolo (Cannondale-Garmin).

O jovem italiano foi o único resistente de uma numerosa fuga ao trabalho fulminante da Astana, que limitou as ameaças à candidatura à vitória final de Fabio Aru a Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e Richie Porte (Sky).

Olhando para o mapa da etapa, à partida em Chiavari, ninguém diria que, ao quarto dia, a geral estaria prestes a sofrer uma verdadeira revolução/definição, mas as três contagens de terceira categoria, curtas e intensas, num percurso de 150 quilómetros e uma fuga que, no seu expoente máximo, chegou a ter 28 ciclistas, originaram uma convulsão no pelotão.

Nomes como Roman Kreuziger (Tinkoff-Saxo), Tom Danielson e Davide Formolo (Cannondale-Garmin), Amaël Moinard (BMC) ou Franco Pellizotti (Androni Giocattoli) obrigaram a uma perseguição intensa das equipas dos homens da geral, que afastou, de imediato, o camisola rosa Michael Matthews (Orica-GreenEdge) – perdeu 20 minutos.

Mesmo assim, o grupo de fugitivos, que foi tendo várias composições desde que se formou aos 20 quilómetros, causou grande preocupação, uma vez que, a 50 quilómetros de La Spezia ainda tinha mais de sete minutos de vantagem. E foi aí que, num ‘flashback’ das primeiras etapas do Tour2014, a Astana de Fabio Aru apareceu.

O bloco ‘azul celeste’ acelerou o grupo de favoritos, desmembrou-o – para trás ficou Rigoberto Uran (Etixx-QuickStep), o ‘vice’ das duas últimas edições, que perdeu 42 segundos para os outros candidatos -, e anulou a fuga... ou parte dela, porque o jovem Davide Formolo descobriu forças onde estas já não existiam para se aguentar isolado na frente.

O vencedor da camisola da juventude da Volta ao Algarve de 2015 demonstrou uma qualidade que os seus 22 não deixam esconder e pedalou contra os ‘grandes’ do pelotão, para chegar isolado a La Spezia, com o tempo de 03:47.59 horas.

“Hoje foi o meu dia... Ainda tenho muito que progredir, mas esta vitória vai ajudar a melhorar a minha carreira e a dar-me confiança. É o meu primeiro Giro, por isso já é um sonho ganhar uma etapa”, confessou o jovem da Cannondale-Garmin.

Quando recordar a sua primeira vitória como profissional, o 'pueril' Formolo não esquecerá, certamente, sobreviveu à perseguição da Astana, aguentando à distância de 22 segundos um grupo em que estavam, entre outros, Alberto Contador (Tinkoff-Saxo), Fabio Aru e Richie Porte (Sky).

Tantas foram as alterações na frente da corrida, que um confuso Simon Clarke, o primeiro do pequeno pelotão, ergueu os braços para festejar um triunfo que não tinha sido. Ainda assim, o australiano, segundo da quarta etapa diante do venezuelana Yonathan Monsalve (Southeast) e do italiano Giovanni Visconti (Movistar), teve uma ‘recompensa’ feliz, conquistando a camisola rosa na sua primeira participação no Giro.

O australiano da Orica-GreenEdge tem agora o seu colega Johan Esteban Chaves, a dez segundos, e Kreuziger e Contador, a 17. Mas, mais do que o vencedor do Giro2008, o grande vencedor do dia foi Aru, que viu a estratégia ofensiva da sua equipa recompensada com a redução do lote de candidatos à geral, uma vez que apenas o líder da Tinkoff-Saxo e Porte conseguiram manter-se no grupo.

“Já esperava que fosse um dia duro e assim foi, realmente muito duro. A fuga era muito numerosa e nós tínhamos o Kreuziger, o que nos dava tranquilidade. A Astana, no entanto, não queria surpresas e impôs um ritmo incrível em todos os terrenos, subindo, descendo, em plano”, analisou o espanhol, que tem Aru seis segundos atrás de si.

André Cardoso (Cannondale-Garmin) voltou a ser o melhor luso, na 49.ª posição, a 13.15 minutos de Formolo, enquanto Sérgio Paulinho, chamado ao trabalho na Tinkoff-Saxo, perdeu 20 minutos. Já Fábio Silvestre (Trek) foi 163.º, a 21.15 minutos do vencedor.

Na geral, Cardoso subiu duas posições e é 46.º, a 13.56 minutos de Clarke, Paulinho é 85.º, a 27.29 minutos, e Silvestre é 150.º, a 44.01 minutos.

Na quarta-feira, a quinta etapa, com 152 quilómetros, liga La Spezia ao alto de Abetone, que culmina uma subida de 17 quilómetros.