O pódio final da Volta a Itália em bicicleta pode ter ficado definido já hoje, na quinta etapa, ganha por Jan Polanc, com a luta pela camisola rosa a restringir-se ao novo líder, Alberto Contador, Fabio Aru e Richie Porte.

O espanhol da Tinkoff-Saxo, que não envergava a ‘maglia rosa’ desde o seu triunfo em 2011 (foi posteriormente desclassificado por doping), atacou nos últimos quilómetros da subida para o alto de Abetone, uma contagem de segunda categoria coincidente com a meta, levando consigo o italiano Aru (Astana) e o australiano Porte (Sky), com o trio a garantir os três primeiros postos da geral individual.

“Não pensava em atacar. Estava na frente, olhei para os outros corredores, não me senti muito, muito bem, mas, às vezes, para mim, é difícil estar no pelotão, por isso tentei”, explicou Contador, que considerou que o balanço final de hoje é “bom”.

Esperava-se que as grandes emoções da quinta etapa estivessem concentradas nos últimos 17 quilómetros dos 152 entre La Spezia e Abetone, mas Axel Domont (AG2R-La Mondiale), Serghei Tvetcov (Androni Sidermec), Silvan Dillier (BMC), Sylvain Chavanel (IAM) e Jan Polanc (Lampre-Merida) tinham outras ideias, saltando do grupo apenas dez quilómetros depois da partida real.

Com o pelotão cansado da etapa agitada da véspera e com a Orica-GreenEdge, do líder Simon Clarke, satisfeita com o que atingiu até ao momento, os fugitivos receberam ‘autorização’ para construir o seu destino, chegando a ter dez minutos de vantagem. Mas, no sopé de Abetone, a mancha azul da Astana voltou a assomar na frente, com a distância para os ‘bravos’ do dia a cair à medida que iam escalando os 17 quilómetros da contagem de montanha de segunda categoria do dia.

A resistência dos fugitivos esbarrou nas pendentes 5,4 por cento de inclinação média, com Polanc e Chavanel a serem os únicos capazes de enfrentar a subida para Abetone com algum avanço sobre grupo de favoritos, estranhamente apático até aos últimos oito quilómetros.

A Astana foi a primeira a mexer a corrida, com Ivan Basso (Tinkoff-Saxo), o ex-campeão italiano que venceu o Giro em 2006 e 2010, a responder de imediato. A acalmia foi breve, porque, a seis quilómetros do alto, ‘El Pistolero’ disparou, dentes cerrados, para resposta imediata de Aru e Porte.

O espanhol insistiu, insistiu, sem conseguir ‘despejar’ os seus dois principais rivais, com os três, num primeiro momento na companhia de Mikel Landa (Astana), a fazerem a sua corrida de eliminação, que vitimou novamente Rigoberto Uran (Etixx-QuickStep) – o colombiano, ‘vice’ das duas últimas edições, está na 12.ª posição, a uns preocupantes 1.22 minutos.

Com a vitória na quinta etapa entregue ao jovem Polanc (tem 23 anos e está a fazer a sua segunda grande volta), o trio acelerou à procura de Chavanel e das bonificações atribuídas aos três primeiros de cada tirada. Se o primeiro objetivo foi atingido, embora mesmo sobre a linha de meta, com o francês a conseguir manter o segundo lugar da etapa, o segundo propósito só teve um vencedor, Aru, que ‘roubou’ cinco segundos a Contador.

Os potenciais três melhores em Milão chegaram a 1.31 minutos do esloveno da Lampre-Merida, que cumpriu a etapa em 4:09.18 horas, com as contas da geral a ficarem assim distribuídas: o vencedor do Giro de 2008 vestiu a camisola rosa, Aru subiu à segunda posição, agora a apenas dois segundos do espanhol, e Porte à terceira, com os mesmos 20 segundos de diferença que tem para o homem da Tinkoff-Saxo desde a primeira etapa.

“Aru e Richie estão muito fortes, mas creio que a situação, tendo em conta que estamos na quinta etapa, é boa”, disse o madrileno de 32 anos, assumindo que não se importa de perder a camisola rosa já na quinta-feira, porque o seu objetivo é vesti-la dia 31 de maio, em Milão.

Entre os portugueses, André Cardoso (Cannondale-Garmin) foi aquele que melhor sobreviveu à montanha, sendo 40.º na etapa, a 3.53 minutos de Polanc, um resultado que lhe valeu a subida ao 39.º posto da geral, a 16.01 minutos de Contador.

Depois de trabalhar para o novo camisola rosa, Sérgio Paulinho perdeu 13.02 minutos na etapa (é 89.º na geral, a 38.43 minutos do colega Contador), enquanto Fábio Silvestre (Trek) chegou no ‘grupeto’ dos ‘sprinters’, a 19.34 minutos, e é 162.º da geral, a mais de uma hora do primeiro.

Na quinta-feira, corre-se a sexta etapa, uma ligação de 183 quilómetros entre Montecatini Terme e Castiglione Della Pescaia.