A oitava etapa da Volta a Espanha em bicicleta prometia ser tranquila, mas acabou por aniquilar hoje as ambições de Daniel Martin e Tejay van Garderen e teve em Jesper Stuyven (Trek) um vencedor surpreendente.

O belga de 23 anos foi o mais forte na chegada a Múrcia, no término dos 182,5 quilómetros de percurso iniciado em Puebla de Don Fabrique, batendo o espanhol Peio Bilbao (Caja Rural) e o francês Kevin Reza (FDJ) e aproveitando os estragos que as quedas fizeram no pelotão e que afastaram do 'sprint' final os principais finalizadores.

Primeiro, foi o francês Nacer Bouhanni (FDJ), que foi ao chão juntamente com o irlandês Dan Martin (Cannondale-Garmin) e o norte-americano Van Garderen (BMC) na primeira passagem em Múrcia, numa queda coletiva a 50 quilómetros da meta. Depois, foi o eslovaco Peter Sagan (Tinkoff-Saxo), abalroado por uma mota mais perto do final.

Sagan continuou em prova, mas Bouhanni, que já tinha abandonado a Volta França devido a uma queda, acabou a jornada no hospital, à semelhança de Van Garderen, do belga Kris Boeckmans (Lotto Soudal) e de Martin, que era terceiro da geral e cuja saída deixa o português André Cardoso como corredor da Cannondale-Garmin mais bem classificado na geral (18.º).

Tal como o português Nelson Oliveira (Lampre-Merida), o colombiano Esteban Chaves (Orica-GreenEDGE) também esteve envolvido na queda, mas não sofreu consequências e conseguiu alcançar o grupo da frente antes da primeira de duas subidas ao Alto de la Cresta del Gallo, juntando-se aos favoritos para conservar no corpo a camisola vermelha, símbolo da liderança.

Foi depois do topo, já na descida, que acabou a 'aventura' do norte-americano Alex Howes (Cannondale) e do espanhol Ángel Madrazo (Caja Rural), os dois resistentes da fuga do dia, mas as tentativas de surpreender não ficaram por aí.

Na segunda subida destacaram-se Timo Roosen (LottoNL-Jumbo) e Gianluca Brambilla (Etixx-QuickStep), seguindo-lhes as pisadas o português José Gonçalves (Caja Rural), Kenny Elissonde (FDJ), José Joaquin Rojas (Movistar), Alberto Losada (Katusha) e Sergio Henao (Sky), mas o minipelotão viria a alcançá-los também na descida.

Nas ruas de Múrcia, na ausência dos principais 'sprinters', nomeadamente o alemão John Degenkolb (Gianty-Alpecin), que também ficou para trás, Stuyven festejou a maior vitória da sua carreira, depois de cortar a meta em 4.06.05 horas.

No grupo principal, com o mesmo tempo chegaram os favoritos - Nairo Quintana e Alejandro Valverde (Movistar), Fabio Aru (Asatana) e Chris Froome (Sky) - e Esteban Chaves, que mantém a vantagem de 10 segundos sobre o holandês Tom Dumoulin (Giant-Alpecin) na geral, enquanto o irlandês Nicolas Roche (Sky) subiu a terceiro, a 36 segundos.

André Cardoso (Cannondale-Garmin), em 13.º lugar, e José Gonçalves, em 16.º, foram os únicos portugueses a terminar no pelotão da frente, enquanto Tiago Machado (Katusha) chegou em 51.º, a 38 segundos. Ricardo Vilela (Cajra Rural) foi 61.º e perdeu 4.57 minutos, Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo) foi 84.º, a 9.53, e Nelson Oliveira, que sofreu uma segunda queda, cruzou a meta em 177.º, 15.28 minutos após o vencedor.

Na geral, Cardoso é o melhor, ocupando o 18.º posto, a 2.51 do Chaves, enquanto Gonçalves é 34.º, a 15.59, Vilela 39.º, a 20.17, Oliveira 51.º, a 30.35, Machado 55.º, a 31.09 e Paulinho 68.º, a 37.42.

No domingo, a nona etapa da 'Vuelta' vai ligar Torrevieja ao Alto de Puig Llorença, uma contagem de montanha de primeira categoria a fechar os 168,3 quilómetros de percurso.