O pelotão português pode, em 2016, sofrer uma ‘pequena revolução’ etária, com a aplicação da nova norma que estabelece a obrigatoriedade de as equipas de ciclismo lusas terem 60% do plantel abaixo dos 28 anos.

O artigo 2.17.005 do regulamento da União Ciclista Internacional (UCI) estabelece que nas formações continentais, caso das seis portuguesas, a maioria dos ciclistas terá de ter uma idade inferior a 28 anos, mas deixa em aberto uma política mais restrita por parte das federações nacionais.

A opção da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) de apertar mais a ‘malha’ etária para rejuvenescer o pelotão foi tomada a 17 de setembro, dia em que foi aprovado o regulamento que estabelece que, a partir de 01 de janeiro de 2016, todas as formações continentais terão de ter uma quota sub-28 igual ou superior a 60%.

A medida vai ao encontro das restrições etárias tomadas por federações como a belga ou a alemã e também pela Real Federação Espanhola de Ciclismo, que legislou que, em 2016, 60% dos corredores das suas formações continentais tenham menos de 25 anos.

A mudança percentual é pequena, mas, para os ciclistas das formações portuguesas, parece assumir-se como significativa. Com a maioria das equipas a inscrever 11 atletas – só a W52-Quinta da Lixa (15) e o Louletano-Ray Just Energy (13) tiveram mais em 2015 -, a imposição da quota significa que, na próxima temporada, cada um dos seis conjuntos só poderia ter entre quatro ou cinco ciclistas ‘veteranos’.

Olhando, por exemplo, para os inscritos na última Volta a Portugal em bicicleta, independentemente das retiradas e das transferências já confirmadas, o impacto da medida torna-se mais evidente: entre os 54 inscritos das seis equipas lusas, 27 superavam os 28 anos, ou seja, o pelotão estava dividido exatamente em dois.

No entanto, analisando individualmente cada formação, a disparidade entre ‘novos’ e ‘velhos’ é óbvia, sobretudo na W52-Quinta da Lixa, que na última vitória de Gustavo Veloso tinha apenas dois sub-28 – Joaquim Silva (23) e António Carvalho (26) – entre os seus nove elementos.

Se a Efapel e a LA-Antarte já ‘cumpriam’ a quota na Volta a Portugal - tinham apenas três ciclistas acima dos 28 anos -, Team Tavira e Louletano-Ray Just Energy desequilibravam a balança, com cinco corredores ‘veteranos’.

A importância dos ‘veteranos’ na prova rainha do calendário luso ficou patente no ‘top 20’ desta edição, que contou apenas com quatro sub-28 de equipas portuguesas: Jóni Brandão, de 26 anos, foi segundo, António Carvalho (26) ocupou a sexta posição, Amaro Antunes (25) fechou os primeiros dez e Frederico Figueiredo (24) foi 14.º.

Em 2016, excluídos já os retirados Vergílio Santos e Célio Sousa e os três reforços da Caja Rural (Alberto Gallego, Domingos Gonçalves e Diego Rubio), e tendo apenas em conta os ‘eleitos’ da Volta a Portugal, haverá no pelotão nacional 29 atletas ‘maiores’ de 28 anos.