O italiano Vincenzo Nibali (Astana) fez hoje jus ao estatuto de melhor ‘descedor’ do pelotão para preencher uma das únicas lacunas do seu currículo ao conquistar o seu primeiro ‘monumento', com a vitória na Volta à Lombardia.

‘Descedor’ exímio, Vincenzo Nibali arriscou ao limite e deu um recital na descida do Civiglio para conquistar uma vantagem irrecuperável para os perseguidores na derradeira dificuldade do percurso (a subida a San Fermo della Battaglia), impor-se na última clássica da temporada, agora a primeira do seu palmarés, e fechar uma temporada ‘agridoce’, na qual foi quarto na Volta a França e foi expulso da Volta a Espanha.

O siciliano, que é o primeiro italiano a conquistar um ‘monumento’ (nome dado às cinco clássicas mais emblemáticas do calendário) desde Damiano Cunego em 2008, também na Lombardia, cumpriu os 245 quilómetros da prova que circundou o lago Como em 6:16.28 horas, 21 segundos antes do espanhol Daniel Moreno (Katusha) e 32 antes de Thibaut Pinot (FDJ), seus companheiros de fuga.

“Que fantástico dia. A minha equipa esteve perfeita todo o dia e realmente queria recompensá-los com a vitória. Tentei várias vezes atacar na subida, mas o ritmo foi sempre demasiado elevado. Então, percebi que devia surpreender os meus adversários e partir na descida”, contou o vencedor da Volta a França de 2014 e um dos seis ciclistas a terem as três ‘grandes’ Voltas no currículo.

Quando Nibali atacou, o seu compatriota e colega Diego Rosa defendeu a vantagem do seu líder, anulando todos os ataques dos homens que seguiam na fuga de onde o ‘Tubarão do Estreito’ saltou.

“Para todos os corredores, há momentos felizes e outros menos felizes. A expulsão da Vuelta [por se ter agarrado a um carro da equipa para recuperar tempo] deixou-me num estado profundo de cólera. Queria regressar à bicicleta para mostrar outras coisas”, disse, recordando uma temporada difícil, que teve como ponto alto o título de campeão italiano de fundo, e dedicando o triunfo na Volta à Lombardia à sua mulher, a aniversariante do dia: “Ela acreditava mais nesta vitória do que eu.

O espetáculo proporcionado pelo italiano, de 30 anos, na clássica das ‘folhas caídas’ fechou da melhor maneira a época de 2015 do WorldTour, que uma vez mais consagrou a Movistar como melhor equipa do mundo, graças ao quarto posto conquistado hoje por Alejandro Valverde.

O veterano espanhol já tinha garantido a renovação do seu estatuto de corredor número um do pelotão, mas hoje deu tudo pela equipa, somando pontos que permitiram à formação espanhola bater a Katusha na liderança do ‘ranking’.

Mais discretos estiveram os portugueses, com Rui Costa (Lampre-Merida), que no ano passado foi terceiro na Lombardia, e André Cardoso (Cannondale-Garmin) a chegarem num grupo a 09.35 minutos do vencedor. Bruno Pires (Tinkoff-Saxo) e José Mendes (Bora-Argon 18) desistiram.