O britânico Chris Froome, vencedor de duas edições da Volta a França em bicicleta, divulgou resultados de testes fisiológicos independentes, procurando mostrar que os seus desempenhos são completamente limpos e que não resultam de recurso ao doping.

Perante exames efetuados no laboratório de performance humana GlaxoSmithKline (GSK) a pedido do corredor da Sky e cujos resultados foram publicados hoje na revista Esquire UK, o especialista científico Phillip Bell diz que os dados obtidos mostram que Froome possui caraterísticas excecionais.

"Os valores de Froome estão próximo daquilo que pensamos ser o limite superior do ser humano no que diz respeito a VO2 [volume de oxigénio máximo]", disse Phil Bell, citado pela revista britânica.

O VO2 de Froome, ou seja, o volume máximo de oxigénio admitido pelos pulmões do britânico (medido em mililitros por quilo por minuto) foi de 84,6. Tendo como referência o seu peso na Volta a França (67 kg), o valor seria de 88,2, segundo a Esquire.

Embora alguns atletas, como norte-americano Greg LeMond, vencedor do Tour por três vezes, possam ter ultrapassado a barreira dos 90, a média de um indivíduo comum situa-se entre 35 e 40. Em desportivas de alto nível, o valor de VO2 máximo atinge normalmente 50 ou 60.

"É preciso que sejam colocadas questões. Desde que sejam justas, ficou feliz por responder", afirmou o corredor nascido há 30 anos no Quénia e vencedor do 'Tour' em 2013 e 2015, que foi confrontado com suspeitas de doping devido ao seu desempenho, nomeadamente por causa das fortes acelerações na montanha.

Froome publica ainda, através da Esquire, os seus dados sanguíneos atuais, que alegadamente se revelam semelhantes aos registados em julho de 2007, no início da carreira. As medidas da potência desenvolvida por Froome em esforço foram de 5,98 watts/kg, o que equivale a 6,25 w/kg no seu peso de competição.

"Eu sei o que fiz para aqui chegar. Sou o único que realmente pode dizer a 100% que estou limpo. Não infringi as regras. Não fiz batota. Não tomei qualquer substância secreta que não seja conhecida. Sei que os meus resultados vão passar no teste do tempo, que dentro de 10, 15 anos as pessoas não vão dizer: 'Ah, então este era o segredo dele'. Não há segredo", afirmou.

Froome e a Sky foram criticados e colocados sob suspeita durante a Volta a França deste ano, quando foram publicados dados que alegadamente mostravam os registos de potência, cadência e ritmo cardíaco de Froome na subida do Mont Ventoux, para uma vitória de etapa na 'Grande Boucle' de 2013.

A sua equipa optou então por divulgar os dados fisiológicos após a 10.ª etapa do Tour2015, na qual Froome assumiu o comando depois de ter feito uma 'escalada' fenomenal para La Pierre Saint-Martin.

"Espero que estes resultados falem por si, mas sou realista e reconheço que não vão convencer toda a gente. As deceções do passado lançam uma sombra sobre o presente, mas espero que um pouco mais de transparência, como hoje, seja mais um passo para ajudar a reconstruir a confiança neste desporto que amo", lamentou Froome, em comunicado publicado hoje.