O ciclista espanhol Imanol Estévez (Euskadi-Murias) alheou-se hoje da ‘guerra’ entre as equipas portuguesas, para conquistar a sua primeira vitória como profissional na etapa inaugural na 34.ª Volta ao Alentejo e vestir a amarela.

Estevez estreou-se a vencer entre a elite, diante dos compatriotas David de La Fuente e Jesús Ezquerra (Sporting-Tavira), aproveitando a tática bem delineada da sua equipa e a perseguição incansável movida pela W52-FC Porto a Amaro Antunes (LA-Antarte), que se atreveu a fugir do pelotão na principal subida do dia e só foi apanhado a cerca de 20 quilómetros da meta.

“Já conhecia este final, gostava do percurso. Castelo de Vide ficará sempre na minha memória como o sítio onde consegui o meu primeiro triunfo como profissional”, assumiu o corredor da Euskadi-Murias.

Com 158 quilómetros para percorrer entre Portalegre e Castelo de Vide, havia percurso mais do que suficiente para os não candidatos à vitória final se exibirem, por isso, ao quilómetro 17 saltaram para a frente da corrida Krister Hagen (Team Coop-Oster Hus) e Remi Cavagna (Klein Constantia), aos quais se juntaram, pouco depois, Alexander Vdovin (Lokosphinkx) e Ivo Oliveira (Liberty Seguros-Carglass), recém-chegado dos Mundiais de pista.

Fortíssima neste início de temporada, a W52-FC Porto escancarou hoje as suas pretensões na Volta ao Alentejo, assumindo a perseguição ao quarteto, que nunca dispôs de mais de 02.30 minutos de avanço sobre o pelotão e acabou derrotado pela mais difícil contagem de montanha desta edição da ‘Alentejana’.

Rumo à segunda categoria do Cabeço do Mouro, situada ao quilómetro 102,2, saiu imparável Amaro Antunes, o ciclista da LA-Antarte, que, depois de dar nas vistas na Volta ao Algarve – foi o melhor português, fechando o ‘top 10’ -, demonstrou que está decidido a conquistar o estatuto de nome forte do pelotão nacional.

O algarvio coroou solitário as duas contagens seguintes, em Monte Paleiros (3.ª) e Marvão (4.ª), sobrevivendo a contra-ataques efémeros e ao trabalho dos ‘dragões’ até a pouco mais de 20 quilómetros da meta.

“Para ser sincero, o objetivo era chegar aqui isolado e vestir a camisola amarela, mas, por vezes, parece que as equipas portuguesas preferem que ganhem estrangeiros. Para um ciclista sozinho na frente, a faltarem 58 quilómetros para a meta, era difícil fazer mais”, lamentou Amaro Antunes.

Com o pelotão, ou o que sobrou dele, de novo compacto, a Efapel assomou à dianteira do grupo no trabalho para Rafael Silva, um dos corredores em melhor forma neste início de temporada, mas, no empedrado inclinado de Castelo de Vide, foi a estratégia da Euskadi-Murias a revelar-se a mais acertada.

“A equipa sabe que tenho a possibilidade de discutir chegadas num grupo reduzido, de 20, 30 corredores, com pequenas inclinações, e fez um bom trabalho para me deixar bem colocado”, explicou Imanol Estévez, que derrotou de uma assentada dois ‘sportinguistas’, o ‘eterno’ segundo David de la Fuente, que muito tem tentado, mas ainda não conquistou qualquer triunfo ao serviço do Sporting-Tavira, e Jesús Ezquerra.

Por isso, o basco vai estar atento e fazer “tudo o que puder” já na quinta-feira, na ligação de 206,2 quilómetros entre Monforte e Montemor-o-Novo, para manter a liderança até domingo. Atrás de si, Estévez tem o ‘perigoso’ De La Fuente, segundo a quatro segundos, e o fugitivo Krister Hagen, terceiro a cinco.