O espanhol Enric Mas (Klein Constantia) saiu ileso da aparatosa queda da véspera e venceu hoje a segunda etapa da 34.ª Volta ao Alentejo em bicicleta, com meta instalada no castelo de Montemor-o-Velho.

Um dia depois de se embrulhar com o bicampeão da Volta a Portugal, o espanhol Gustavo Veloso, e cair com estrondo, mas sem consequências, nos quilómetros finais da primeira etapa, o corredor maiorquino, de apenas 20 anos, estreou-se a vencer como profissional e 'roubou' a amarela ao compatriota Imanol Estevez.

E o triunfo foi tão mais especial tendo em conta o seu historial recente: “Nas últimas duas semanas, sofri duas quedas graves. Na semana passada, fui atropelado e passei uma noite no hospital. Ontem (quarta-feira), caí com o Veloso, mas, felizmente, saí mais bem tratado do que ele.”

Cortada a meta da primeira etapa e conquistada a primeira amarela, Imanol Estevez atreveu-se com o prognóstico de que a Volta ao Alentejo seria conquistada nas bonificações e, atendendo ao que se viu nos quilómetros iniciais dos 206,2 entre Monforte e Montemor-o-Velho, poderia dizer-se que o basco da Euskadi-Murias não andará longe da verdade.

Com os segundos de bonificação espalhados pelas metas volantes – o ‘bónus’ principal está reservado para cada uma das chegadas das cinco etapas -, Krister Hagen (Coop-Oster Hus) mostrou que está aqui para discutir a vitória na 34.ª edição, passando na frente nos dois primeiros ‘sprints’ intermédios da jornada para reduzir a vantagem para o camisola amarela, sempre segundo atrás do norueguês.

A luta dos primeiros da geral pelas bonificações fez com que a fuga do dia se formasse apenas ao quilómetro 69, com Edward Dunbar (Axeon-Hagens Berman) a destacar-se na frente da corrida, pouco antes de um Gustavo Veloso (W52-FC Porto), com uma subluxação da clavícula e cheio de remendos, ceder à dor e desistir, depois de ter dado o tudo por tudo no início da etapa, guiando o pelotão em solitário durante duas dezenas de quilómetros.

Dunbar, duplo vice-campeão irlandês – foi segundo na prova de fundo e no contrarrelógio dos nacionais do seu país –, chegou a ter mais de três minutos de vantagem para o pelotão, mas acabou ‘caçado’ a cerca de 60 quilómetros de Montemor-o-Novo, graças ao trabalho árduo do Sporting-Tavira, que tinha David de La Fuente e Jesus Ezquerra em lugares de destaque na geral.

Os ‘leões’, posteriormente com o auxílio da Efapel, empenharam-se em levar o grupo unido até à entrada da subida de quarta categoria, uns íngremes e traiçoeiros 1.900 metros até ao castelo de Montemor-o-Novo, especialmente duros nos últimos 500.

Aí, a bem estudada lição da Klein Constantia e de Enric Mas foi mais certeira do que a vontade de Amaro Antunes (LA-Antarte) ou Rafael Silva, com o ‘pupilo’ de Alberto Contador – passou os últimos três anos na equipa de formação da maior estrela do ciclismo espanhol – a vencer confortavelmente a segunda etapa, com o tempo de 05:06.15 horas.

“A 30 quilómetros o fim da etapa, a equipa começou a apertar e a 20 assumimos o controlo. O plano era eu chegar aqui na frente, porque ontem, apesar da queda, entrei bem, em sétimo. Vamos ver se é possível manter a amarela, mas o importante foi ganharmos hoje”, sublinhou o jovem espanhol, que há mais de dez anos foi desafiado por um amigo a experimentar o ciclismo e não mais largou a modalidade.

Dois segundos depois do maiorquino chegou um velho conhecido das estradas nacionais, o combativo Garikoitz Bravo (Euskadi-Murias), com um surpreendente Rui Oliveira (Liberty Seguros-Carglass) a ser terceiro, na frente do pelotão principal.

Os quatro segundos que perdeu na tirada foram suficientes para Estevez cair para segundo na geral, empatado em tempo com Mas. Hagen manteve o terceiro posto, estando a três segundos do corredor da Klein Constantia. Rafael Silva é o melhor português, no oitavo lugar, a 14 segundos.

Na sexta-feira, Mas terá uma etapa teoricamente tranquila, já que os 186,6 quilómetros entre Portel e Beja não têm qualquer contagem de montanha.