O campeão brasileiro de ciclismo de fundo, Flávio Santos (Funvic Soul Cycles), admitiu que a situação do país é desfavorável para os Jogos Olímpicos, mas acredita que tudo corra bem.

“Não há explicação para o que está a acontecer com os Jogos Olímpicos, a situação e o momento do país não são os indicados para um evento de tão grande porte. Tomara que sejam um sucesso, é o que desejo por ser no meu país, porque não podemos mostrar uma má imagem ao mundo”, referiu Flávio Santos, um dos corredores que alinha hoje à partida de Belmonte para a etapa rainha da Volta a Portugal.

Apesar do título nacional, o corredor baiano, de 35 anos, reconheceu que o traçado da prova de estrada dos Jogos Olímpicos Rio2016, a disputar no sábado, não seria adequado ao seu perfil multifacetado.

“Eu não sou bom a subir, ajudo a equipa quando posso, mas não pego as subidas muito bem. Se fosse selecionador daria a minha vaga para um trepador como os meus companheiros João Gaspar ou o Alex Diniz. Uma vaga nos Jogos Olímpicos é carregar nos ombros um país e eu não ia arriscar fazer uma prova feia ou abandonar a meio”, sublinhou.

Flávio Santos recordou o exemplo protagonizado pelo eslovaco Peter Sagan, que trocou a prova de fundo pela de BTT, elogiando o atual campeão do mundo.

“Por honestidade ao ciclismo brasileiro, se fosse convocado faria como fez o Peter Sagan, que foi o gesto mais bonito que vi até hoje na modalidade”, vincou.

O corredor brasileiro confia no desempenho de Kléber Ramos e Murilo Fischer, ambicionando que “façam com que o Brasil valorize mais o ciclismo e esqueça um pouco o futebol”.

Questionado sobre a sua especialidade, Flávio Santos optou pela honestidade: “Ganhei o campeonato nacional escapado, não sou 100% trepador, contrarrelogista ou ‘sprinter’, sou 80% de todos, meio completo, mas falta um pouco em cada”.

O 117.º lugar na classificação que ocupou no dia de descanso, após a quinta etapa, a 1:55.10 horas do camisola amarela Rui Vinhas (W52-FC Porto) comprova a sua afirmação, mas decorre também da descompressão após os Nacionais brasileiros.

“A Volta é muito bonita, disseram-me que era difícil, com muita subida, mas eu vim. Depois de ter sido campeão estive 10 dias de férias, quando andei só duas horas por dia com a minha esposa, mas um colega adoeceu. O meu treinador chamou-me e eu aceitei, estou aqui a fazer o possível para que os meus companheiros terminem”, concluiu.

Um desafio que vai ser hoje novamente colocado à prova, com as duas subidas à Torre, o ponto mais alto de Portugal continental, nos 173,7 quilómetros da sexta etapa, entre Belmonte e Guarda.