O ciclista português Rui Oliveira sagrou-se hoje campeão europeu de eliminação e o irmão gémeo, Ivo Oliveira, conquistou a medalha de prata em perseguição individual, no primeiro dia dos Europeus de pista para Sub-23 e Juniores, em Sangalhos.

A prova de eliminação mostrou um Rui Oliveira determinado, a correr com grande inteligência tática, com o português a pedalar praticamente toda a corrida na frente do pelotão, escapando às eliminações.

O momento-chave da prova aconteceu quando resistiam apenas quatro dos 16 corredores que iniciaram a corrida: Oliveira atacou, isolou-se e assegurou de imediato o pódio.

Sozinho na dianteira, o ciclista da Axeon-Hagens Berman esperou pelo polaco Damian Slawec, que, entretanto, saíra em perseguição, com os dois a seguirem juntos até à volta final, momento escolhido para nova arrancada do português, que conquistou a medalha de ouro. Slawec ficou com a prata e o russo Maksin Piskunov fechou o pódio.

“Já tinha esta prova em mente. Sabia que tinha possibilidades e o meu sonho concretizou-se. Já tinha muitas vezes batido na trave, com segundos e terceiros em Europeus. Era desta vitória que eu estava a precisar. O ano passado foi muito difícil, com uma lesão grave, mas estar aqui com este apoio fenomenal foi extraordinário”, afirmou Rui Oliveira, que cruzou a meta com as mãos na cabeça e apressou-se a recolher uma bandeira nacional para dar a volta de honra no Velódromo Nacional de Sangalhos, Anadia, onde o Campeonato da Europa de Pista para Sub-23 e Juniores decorre até domingo.

Foi um dia em grande para os gémeos Oliveira, pois também Ivo subiu ao pódio graças à medalha de prata conquistada em perseguição individual, ao ficar apenas atrás do britânico Mark Stewart, com quem disputou a final.

O ciclista da Axeon-Hagens Berman, que correu condicionado pela dupla fratura do braço direito, contraída no dia 14 de junho, repetiu a segunda posição do ano passado.

“Quando me lesionei nunca imaginei que conseguiria chegar aqui e conquistar uma medalha. Nunca deixei de treinar, fiz rolos, esperançado em vir ao Europeu, mas sair daqui com uma medalha é ouro sobre azul. Correr perante o meu público, a minha família e os meus amigos, dá uma motivação enorme. O meu irmão está de parabéns e ter corrido antes da minha final ainda me motivou mais”, revelou Ivo Oliveira, que chegou a treinar com o braço pousado num escadote.

O selecionador nacional de pista considerou que o dia de hoje foi histórico para Portugal.

“A conquista de duas medalhas resulta do trabalho de muitos anos. O Rui esteve irrepreensível na corrida de eliminação, controlando todos os fatores da corrida que poderiam causar dissabores. O Ivo veio condicionado e teve o prémio da atitude das últimas semanas, nas quais trabalhou arduamente para aqui se apresentar em forma. Teve um desempenho de alto nível, embora na final revelasse sinais de fadiga, naturais pela forma condicionada como aqui chegou”, analisou Gabriel Mendes.

No setor feminino, Soraia Silva estreou-se nos sub-23 com um nono lugar na prova de eliminação, na qual a britânica Emily Nelson conquistou o ouro.

Maria Martins esteve na discussão da corrida de scratch para juniores femininas, entrando na volta final em posição de pódio, só que não resistiu a uma melhor ponta final das adversárias mais diretas, fechando a corrida, ganha pela italiana Martina Fidanza, no quinto posto.

Francisco Duarte fechou a jornada competitiva lusa, alinhando no scratch para juniores masculinos, prova em que foi 13.º classificado. O ouro foi para o checo Daniel Babor.