Entre as quatro equipas portuguesas da 74.ª Volta a Portugal em bicicleta, há quem faça um balanço positivo, há quem faça um não negativo e há quem nem queira ouvir falar em análises à chegada do dia de descanso.

Quer se queira quer não, há vencedores e vencidos depois da primeira fase da prova rainha do ciclismo português. No primeiro lote está a LA-Antarte de Hugo Sabido e a Efapel-Glassdrive de quatro dos cinco primeiros da geral individual, no segundo a Carmim-Prio do azarado Ricardo Mestre e a Onda.

«O objetivo de chegar com o Hugo de amarelo até ao dia de descanso está alcançado. Gostávamos de continuar de amarelo neste dia e conseguimos», assumiu Mário Rocha.

O diretor da LA-Antarte é o primeiro dos surpreendidos pela prestação do seu líder, embora reconheça que já no ano passado esperava um grande desempenho do ciclista de Oeiras, obrigado a desistir devido a doença.

Por ver que Sabido melhorou «muito na montanha» sem perder os atributos de especialista no contrarrelógio, Rocha acredita mais numa possível vitória do que acreditou há um ano através de Hernâni Broco.

«Sinto que o Hugo está mais preparado, mais confiante», confessou o técnico que está mais do que satisfeito com a prestação dos seus ciclistas: «Conseguimos lutar contra todos os prognósticos, acreditámos sempre que seria possível».

Fora das apostas, a LA-Antarte esforçou-se por contrariar a tendência global. Nada, no entanto, que Mário Rocha não compreenda, uma vez que nas mais diretas rivais «há três ciclistas que já venceram a competição e o Rui Sousa, que fez dois pódios».

O diretor desportivo da formação de Paredes vê a Efapel-Glassdrive «muito forte», a Carmim-Prio menos presente, mas pronta a aparecer com Mestre, que é «um grande ciclista».

Com três vitórias de etapa e quatro homens nos cinco primeiros (César Fonte, Sérgio Ribeiro, Rui Sousa e David Blanco), seria de esperar que Carlos Pereira fizesse uma análise positiva, mas o diretor da equipa mais triunfadora só quer fazer um balanço em Lisboa, uma vez que «até agora» ainda não ganhou nada.

Mais expressivo, Vidal Fitas garantiu que «o balanço não é mau», mas não é aquele que A Carmim-Prio queria.

«Contudo, penso que, pelo menos, chegamos com aspirações ao dia de descanso e enquanto assim for, não é mau», explicou.

Para o diretor da equipa de Tavira, na etapa da Torre tudo é possível: «Temos de ser perfeitos nesse dia, temos de manter a postura. Não há segredos [para conquistar a vitória na Torre]. No ano passado tivemos uma etapa perfeita, porque mantivemos a amarela e confirmámos o segundo lugar [de André Cardoso].

Este ano temos de ter uma etapa perfeita, porque há muita gente para derrotar. É com esse intuito que temos trabalhado».

E Fitas está confiante que o seu líder, Ricardo Mestre, estará à altura da defesa do título conquistado no ano passado.

«As mazelas e as dores vão desaparecendo. Esperamos recuperá-lo para, na segunda fase da Volta, estar ao melhor nível», disse.

Outro dos derrotados é José Santos, que assumiu que «a primeira parte não foi 100 por cento positiva».

«Esperava, pelo menos, já ter ganho uma etapa. Estivemos três vezes quase a ganhar, mas é só quase...», lamentou o diretor da Onda, que aposta agora em Daniel Silva para lutar pelo pódio, uma esperança depositada no dorsal eleito para o corredor (o 31).