Chegado o dia de descanso da 74.ª Volta a Portugal em bicicleta, a discussão pela amarela final parece reduzida a Hugo Sabido, o atual portador, David Blanco, o maior colecionador, e Ricardo Mestre, o ainda dono da última.

Hugo Sabido surpreendeu tudo e todos e, depois de seis etapas, Senhora da Graça incluída, é o líder da geral individual. Por isso, o balanço que faz da sua prestação é «acima da média».

«Claro que acreditava nas minhas capacidades, só não sabia como estariam os adversários.

Independentemente do que aconteça, a Volta será positiva para a nossa equipa», salientou o ciclista da LA-Antarte.

Sozinho contra o mundo, ou neste caso os Efapel-Glassdrive, que taxa de «mais fortes» desta edição da prova rainha do calendário velocipédico luso, o corredor de Oeiras entende que tenha sido praticamente excluído da corrida pela amarela nas apostas pré-Volta, porque, ao longo da época, a sua equipa nunca teve resultados que surpreendessem.

«Não houve grandes resultados. Pessoalmente esperava mais dos campeonatos nacionais, mas estava num dia mau e nem consegui ser vice como no ano passado», lamentou

Aos 32 anos, Sabido fixou-se num único objetivo, começou a fazer trabalho específico para a Volta a Portugal e «as coisas saíram bem», apesar do handicap de treinar sozinho e não ter referências.

No entanto, para sua satisfação, a comparação mostrou que está «ao nível deles», dos outros dois homens apontados como favoritos.

Pela classificação, dir-se-ia que o líder da LA-Antarte até está um patamar acima de David Blanco, quinto a 51 segundos, e, sobretudo, de Ricardo Mestre (Carmim-Prio), seu companheiro no infortúnio das quedas.

«Primeiro vou tentar recuperar, depois logo se vê o resto». O ainda detentor do título descarta a pressão, mas tem noção que está «mais difícil» voltar a vestir de amarelo em Lisboa, no dia 26 de agosto.

«O balanço não é o melhor, mas a Volta não está perdida», garantiu Mestre, que caiu três vezes em três dias consecutivos e está no 16.º posto da geral individual, a 01.47 minutos do primeiro.

Consideravelmente melhor está David Blanco, que tem a Efapel-Glassdrive em peso a trabalhar para si. Pormenor: apesar de ser o líder, é apenas o quarto da equipa na classificação.

«Sinto-me melhor a cada dia que passa. Espero continuar a evoluir para chegar bem à Torre. O dia de descanso é mesmo para descansar, há tempo para pensar nessa etapa, embora reconheça que vem aí a fase decisiva da Volta a Portugal», declarou.

O galego, de 37 anos, mentiria se dissesse que a sua não é a equipa mais forte até este momento, «mas isso não garante que o seremos no final».

Para o quádruplo vencedor da prova, «há que manter os pés no chão e manter a humildade».

Até porque, é Sabido que continua a comandar. «Se vou ganhar? Não vou ainda responder afirmativamente. Sinto-me confiante, a equipa dá 200 por cento por mim. Se chegar ao Sabugal de amarelo é mais um dia e se no final da Torre ainda estiver de amarelo se calhar respondo que sim [vou ganhar a Volta]. Vou ter de sofrer muito, vou ter de ir na roda», reconheceu.