A tentativa de "golpe" provocada hoje pela LA-Antarte saiu frustrada por mérito da Caja Rural, que levou o português Manuel Cardoso à sua terceira vitória na Volta a Portugal em bicicleta e em Oliveira do Bairro.

A equipa portuguesa atacou em bloco para levar Edgar Pinto à amarela, colocando sete dos seus nove homens em fuga, mas acabou derrotada a apenas cinco quilómetros da meta pela vontade de Manuel Cardoso, que queria ganhar na sua cidade talismã para dedicar o triunfo ao pai, falecido em 2007, ano da sua primeira vitória em Oliveira do Bairro, esta a contar para o Troféu Sérgio Paulinho.

Ausente da maior prova nacional há quatro anos, o ciclista da Caja Rural bateu confortavelmente no "sprint" final o espanhol Delio Fernandez (OFM-Quinta da Lixa) e o português Fábio Silvestre (Leopard-Trek) para festejar a sua terceira vitória na Volta, depois das de Lisboa (2006) e de Castelo Branco (2009).

«Arrisquei. Tenho feito más classificações, porque às vezes aguardo muito, não arrancar mais cedo. Em Aveiro, fiquei com a sensação de que respeitei muito o Ciolek, mas esperei muito tempo e podia ter vencido. Hoje pensei: posso perder, mas vou arrancar cedo, aconteça o que acontecer», descreveu nos bastidores da competição, na companhia do filho Pedro, de dois anos, centro de todas atenções.

Num início de jornada agitado, com constantes saídas do pelotão, sobreviveram na dianteira Márcio Barbosa e Pedro Paulinho (LA-Antarte), Joni Brandão (Efapel-Glassdrive) e Jean-Lou Paiani (Sojasun), um quarteto que se manteve isolado por vários quilómetros.

Vindos de trás, juntaram-se à frente da corrida, a 50 quilómetros da meta, alguns dos nomes fortes da geral. Estavam lá o quinto classificado Vladislav Gorbunov (Astana), o oitavo César Fonte (Efapel-Glassdrive) e os seus companheiros Arkaitz Duran e Nuno Ribeiro, o único vencedor da Volta presente, e os dois melhores classificados da LA-Antarte, Edgar Pinto e Rui Vinhas.

Estava em marcha a tentativa de "golpe" da LA-Antarte, planeada desde a partida, num assumido assalto à liderança, que, de acordo com os homens de Mário Rocha, já seria sua caso Pinto não tivesse furado no prólogo em Lisboa.

«Este ataque estava completamente planeado. Nós queríamos recuperar o tempo que o Edgar perdeu no prólogo. Só poderia resultar se atacássemos em bloco», disse o diretor desportivo da formação de Paredes.

Em bloco, a mancha laranja, que, além dos dois “top 15”, tinha na fuga António Carvalho, Bruno Silva, Hugo Sancho, Paulinho, Barbosa e Rafael Silva, lançou um ataque desenfreado à amarela de Sergio Pardilla, que podia ter resultado, não fosse o trabalho conjunto da equipa do líder, a MTN-Qhubeka, e da Caja Rural.

«Parece que a fuga só interessava a nós. Não entendo. Havia tantas equipas que podiam beneficiar da situação de corrida», lamentou Rocha.

Mas Oliveira do Bairro estava destinada a Manuel Cardoso e, por isso, a formação espanhola não descansou enquanto pelo rádio de corrida não se ouviu «pelotão agrupado», a apenas cinco quilómetros da meta.

Conhecedor como poucos do final da tirada de 177,3 quilómetros, que teve partida em Lousada, o português da Caja Rural soube colocar-se – a curva para a meta eliminou parte da concorrência – e, com o pai presente na memória, "sprintou" com todas as forças para ser o primeiro a cortar o risco, depois de 4:20.47 horas, cumpridas à rápida média de 40,792 km/hora.

«De algumas das recordações que guardo do meu pai, a nível de ciclismo, foi em Oliveira do Bairro em 2007, ano em que faleceu. Esteve aqui comigo quando venci pela primeira vez o Troféu Sérgio Paulinho, com chegada a Oliveira do Bairro. A partir daí, esse dia marcou-me muito. No ano seguinte venci de novo, dediquei-lhe essa vitória e agora, na parte final, o meu pai não me saiu da cabeça e por ele, e por todos aqueles que sofrem por mim, e pela equipa, tinha de conseguir esta vitória», disse no final.

Agora, o campeão nacional de 2009 pode concentrar-se num objetivo extra: conquistar a camisola dos pontos, que hoje passou a envergar.

Para já, Cardoso, tal como Pardilla, que continua a deter a amarela empatado em tempo com Rui Sousa (Efapel-Glassdrive), pode desfrutar do dia de descanso com ela guardada, antes de nova etapa, marcada para quarta-feira, entre a Sertã e Castelo Branco, na distância de 180 quilómetros.