O apelido engana, mas Sébastien Hinault (IAM Cycling) nada tem a ver com Bernard, o cinco vezes campeão da Volta a França em bicicleta, nem no parentesco, nem nos resultados, que gostava de ver mais vezes destacados.

Num rápido olhar pela lista de inscritos, o nome do dorsal 103 da 75.ª Volta a Portugal sobressai entre os apelidos, mais ou menos, anónimos, pelo peso que obrigatoriamente carrega.

Por isso, a pergunta é inevitável: «Sébastien, tem algum parentesco com Bernard Hinault?». Mais do que acostumado à pergunta, respondeu à agência Lusa com um sorriso rasgado.

«Não, mas todos os dias me perguntam isso. Umas vezes é quatro, cinco vezes ao dia, outras apenas uma. Deve dar uma média de uma, duas vezes por dia», brincou.

Nascido em Saint-Brieuc, a 11 de fevereiro de 1974, cedo se habituou à referência ao símbolo do ciclismo francês, que venceu o Tour por cinco vezes em 1978, 1979, 1981, 1982 e 1985.

«Falam muito de mim porque tenho o mesmo nome, mas às vezes preferia que falassem de mim pelos meus resultados. São eles que dizem quem sou como ciclista e não o meu apelido», lamentou.

O peso do apelido é «engraçado» e até já lhe proporcionou encontros com Bernard: «Já o conheci. Foi uma ocasião divertida. Pelos vistos a ele também estão constantemente a perguntar se eu sou filho ou sobrinho».

Profissional desde 1997, o ciclista da IAM Cycling, que passou pela GAN, tornada Crédit Agricole, e pela AGR2, não é um estreante nas estradas portuguesas, onde já esteve para disputar uma Volta a Santarém.

«A Volta a Portugal é muito boa, mas demasiado quente. Quando vou à Vuelta sinto o mesmo. Não me dou muito bem com o calor», reconheceu o homem que espera poder ganhar uma etapa na prova portuguesa, tal como fez em 2008 na Volta a Espanha.

Mais velho entre os inscritos, Sébastien Hinault não vê a veterania como uma responsabilidade extra, mas sim como algo que lhe dá mais valor, por andar há tanto tempo no pelotão.

«Adoro isto, as vezes é difícil, mas é uma boa vida. Viajamos muito, conhecemos muita gente. Faço o que gosto e, quando assim é, é a coisa mais importante da vida», confessou o homem que na adolescência seguiu o exemplo do pai e trocou o futebol pelo ciclismo.