O diretor desportivo da Efapel-Glassdrive rejeitou hoje a existência de problemas dentro da equipa, uma evidência que os ciclistas Rui Sousa, Hernâni Broco e Nuno Ribeiro não conseguiram negar.

Carlos Pereira deixou Rui Sousa passar a meta e ficou sentado no carro da Efapel-Glassdrive, janela fechada, cabeça recostada no banco e as lágrimas a escorrem por trás dos óculos escuros.

«Não sei por quanto perdi», disse em estado de choque, antes de assumir total responsabilidade pela derrota: «Não correu nada mal. Se perdemos, sou o único responsável. Os corredores deram o máximo, têm a minha admiração».

O diretor da equipa cor-de-rosa desmentiu qualquer divisão entre os seus corredores – «é mentira, não sei onde viram isso» – e garantiu que o esquema foi o mesmo que levou David Blanco à vitória em 2012.

Para Carlos Pereira, nada falhou na tática da equipa, apenas as pernas não chegaram no contrarrelógio.

No entanto, ouvindo as declarações dos principais nomes da Efapel-Glassdrive é evidente que algo não correu bem.

Questionado sobre as divisões na equipa, Hernâni Broco assumiu que este não é o momento para falar. «Estou muito triste, triste por tudo», confessou o quinto classificado da Volta a Portugal, respondendo com um «pois» à pergunta sobre os ataques entre companheiros de equipa.

Já Rui Sousa recusou a ideia de que os seus ataques, quando os companheiros Joni Brandão e Nuno Ribeiro seguiam na frente, possam ter comprometido o trabalho destes a seu favor.

«Não tem nada a ver. Tive de atacar nos sítios onde podia fazer a diferença», defendeu-se, completando com um «não queria entrar por aí».

O terceiro classificado da Volta queixou-se de que na Torre ninguém colaborou consigo, uma queixa que levantou a questão sobre se se estaria a referir ao colega Hernâni Broco. «Não sei, as pessoas tirem as ilações que quiserem», concluiu.

Também Nuno Ribeiro, vencedor da Volta de 2003, foi evasivo quanto às divisões dentro da Efapel-Glassdrive. «Têm de perguntar ao diretor desportivo e ao Rui Sousa», respondeu.