O comissário Humberto Fernandes é apontado como a próxima estrela portuguesa no pelotão internacional, um estatuto que lhe permitiria cumprir o seu sonho maior, o de estar na Volta a França.

O rosto jovem destoa entre os do colégio de comissários, que refletem a maturidade e a premissa de “devem andar nisto há muitos anos”. Nada que preocupe Humberto Fernandes, que fez questão de se superar e, aos 30 anos, é considerado uma das grandes promessas do pelotão nacional.

A história conta-se em poucas linhas: “Comecei com 10, 12 anos a gostar de ciclismo, porque gravava a Volta a Portugal ao meu pai, que ia trabalhar. Depois, através do engenheiro Brito da Mana, entrei no ciclismo. Foi-me buscar a mim e ao meu irmão para começarmos a praticar. Pratiquei até 2006, ano em que tive um problema de saúde e tive de deixar”.

Entretanto, Humberto Fernandes percebeu que “a possibilidade que tinha de acompanhar o ciclismo e estar por dentro” era ser comissário.

“Agarrei essa oportunidade. Em 2006 tirei o curso, em 2008 passei a comissário nacional e agora em 2011 passei a nacional elite. Esta é a minha terceira Volta a Portugal e está a ser espetacular”, confessou à Agência Lusa.

Talvez pela juventude, ou por ter conhecido o pelotão nacional por dentro, foi-lhe consignada a posição de comissário-mota, a “tarefa” que mais prazer lhe dá.

“Um comissário-mota é, talvez, o mais polivalente dentro da equipa de comissários, porque é o que consegue estar em todo o lugar e auxilia todos os outros comissários titulares. Ou seja, nós fazemos as metas- auxiliamos a equipa de meta a fazer as metas volantes e as metas de montanha -, tiramos os tempos para comunicarmos com o rádio-volta e com os nossos colegas, tiramos os dorsais para auxiliar a moto informação, vemos se há infrações, se eles andam agarrados, se cortam caminho”, explicou à Lusa.

Para chegar até aqui, Humberto Fernandes teve de dedicar-se a sério, um pré-requisito que apontou como fundamental, a par do “gostar muito disto”. E, depois, há o “bom-senso”: “É preciso saber como se desenrolam as provas para saber aplicar o regulamento, porque, como todos nós sabemos, as coisas não são lineares no ciclismo”.

“Quando nos metemos em alguma coisa de coração e gostamos mesmo, queremos é evoluir e construir. Eu não fujo à regra e tenho tentado subir na escala de comissários o mais rápido possível, dentro das minhas possibilidades. Agora, o passo que me falta é mesmo ser comissário internacional”, contou o jovem comissário, que até já fez algumas provas na Austrália, depois de encantar as entidades de Perth.

O passo que falta a este antigo ciclista é mesmo a carreira internacional, um passo que depende da abertura de cursos por parte da União Ciclista Internacional (UCI), o que não acontece todos os anos.

“A UCI tem de disponibilizar uma vaga para Portugal e depois tem de ser a federação a solicitar alguém para ocupar essa vaga. Temos quatro comissários internacionais e quatro pré-internacionais, eu sou um deles, posso ser escolhido ou não, vamos ver”, disse.

Como bom amante de ciclismo, Humberto Fernandes partilha o sonho que é o lugar-comum de todos os ciclistas, ou seja, estar no Tour.

“Tenho esse sonho e, na brincadeira, desde que tirei o curso que digo – porque não temos nenhum comissário que tenha feito uma das três grandes – que vou ser o primeiro. Provavelmente não, porque temos aqui comissários internacionais muito bons, mas é um objetivo”, assumiu o homem que vai ser omnipresente na vigilância do pelotão nas estradas portuguesas até 10 de agosto.