A direção do Petro do Huambo abdicou este ano de inscrever a sua principal equipa de futebol no torneio de apuramento à I divisão angolana (Girabola), por falta de dinheiro para pagar aos jogadores e treinadores e para suportar outras despesas.

A informação foi dada a conhecer esta segunda-feira à Angop pelo vice-presidente executivo dos "alvi-negros" do planalto central, José Mulusi Abrão, ao salientar que há dois anos seguidos que o clube não recebe verba alguma do seu patrocinador.

Numa altura em que a direção está debaixo de intensas contestações dos adeptos e sócios, devido ao fracasso na época passada e à não participação este ano, o dirigente realçou que tudo foi feito para que o plantel disputasse o torneio de apuramento, mas tal não aconteceu por indisponibilidade de orçamento financeiro.

"É importante que os nossos sócios e adeptos entendam a crise financeira que estamos a viver. Temos sete meses de dívida para com os atletas, além do pessoal administrativo e treinadores do clube, e não queríamos arriscar enveredando por este ciclo vicioso de dívidas", esclareceu.

José Mulusi Abrão considera imprudente demais, nas condições atuais, disputar o torneio de apuramento, sem garantia alguma de receber o patrocínio financeiro necessário para o efeito.

O dirigente lembrou que em 2014 o plantel sobreviveu na competição graças a uma gestão financeira rigorosa e apertada, mas, ainda assim, o clube terminou a época com muitas dívidas aos jogadores.

Esta crise financeira, de acordo com o vice-presidente executivo do Petro do Huambo, ultrapassa as competências da direção do clube, que, segundo ele, tem-se desdobrado em várias negociações com o patrocinador para desbloquear a situação.

"A BP garantiu-nos, recentemente, que já resolveu a situação, mas quem autoriza a disponibilização do dinheiro é a Sonangol, com quem temos estado a negociar. Apesar das promessas, não nos convinha arriscar inscrevendo a nossa equipa de futebol", argumentou.

Considerado o maior emblema da província do Huambo e um dos mais carismáticos e respeitados na região centro e sul de Angola, o Petro do Huambo foi fundado a 5 de janeiro de 1980, na sequência da fusão entre as equipas locais do Atlético de Nova Lisboa e o Desportivo Sonangol. A atual crise financeira em que está envolto arrasta-se desde 2005, quando deixou de ter o patrocínio da Sonangol.

Entre 1983 a 1990, o Petro do Huambo era a única equipa do interior do país que chegava a fornecer regularmente à seleção angolana de futebol de honras entre cinco a seis jogadores. Dos seus principais futebolistas naquela altura constavam Carlos Pedro, Almeida, Aníbal, Toni, Bolingó, Saavedra, Picas, Mona, Mulusi, Luís Bento, Adão, Lilas, Sayombo, Zacarias, Nelito Constantino e, em épocas anteriores, Geovety, Zé Nely, Avelino Lopes, Gazeta, entre outros.

O clube, que já competiu em cinco edições diferentes do torneio de apuramento - 1980, 1982, 2006, 2013 e 2014 - tem como melhor feito um 2º lugar, em 1984, e quatro vezes 3º colocado - 1988, 2000, 2002 e 2003 - este último que garantiu ao conjunto vaga nas competições continentais, pela primeira vez. Foi ainda finalista vencido da 1ª edição da Taça de Angola, em 1982, tendo perdido diante do 1º de Maio de Benguela, colosso da época, estando ainda na II divisão.