A eleição
Em 2014, Jardel era eleito deputado estadual pelo PSD no Estado do Rio Grande do Sul. Beneficiando do seu passado glorioso como jogador do Grêmio de Porto Alegre, e do voto de protesto, o brasileiro juntou 41.227 e ganhou um lugar na Assembleia Legislativa. Jardel dizia que queria fazer na política o que fez no futebol, e talvez o tenha conseguido repetindo a fase mais negra da sua carreira, e mais uma vez com a cocaína a marcar este percurso.
As acusações
Esta segunda-feira rebentou a bomba em Porto Alegre, fruto de uma investigação, apelidada de 'gol contra' (auto-golo), que o Ministério Público (MP) brasileiro levava a cabo há dois meses.
Jardel viu cair-lhe em cima acusações de peculato, associação criminosa, lavagem de dinheiro, abuso de poder e tráfico de droga. E tudo fundamentado através de escutas, documentos, e vídeos recolhidos ao longo dos últimos dois meses.
Vamos por partes. Segundo o MP, Jardel pediria, alegadamente, em média, cerca de 3 mil reais (736 euros) por mês a cada funcionário pertencente ao seu gabinete. A seu cargo teria também cerca de quatro “funcionários fantasma”, isto é pessoas que constavam da folha de pagamentos, mas que na verdade não trabalhariam para o deputado. Segundo consta, um desses salários serviria para a compra de cocaína, vício antigo do ex-jogador. O apartamento onde vivia a sua mãe e o irmão também seria pago com dinheiro público, como parece fazer crer uma das escutas telefónicas reveladas.
Outra das acusações prende-se com verbas publicitárias pagas ao jogador. De acordo com a lei brasileira, cada deputado tem direito a um fundo para que possa anunciar em jornais, e outros órgãos de comunicação social, ações específicas relativas ao seu mandato. Jardel teria pedido uma verba acima do mercado convencional, pago supostamente a um jornal da cidade de Gravitaí, Estado do Rio Grande do Sul, e, alegadamente guardado o restante para si.
Para além disto, consta no processo que Jardel forjava viagens oficiais para arrecadar dinheiro, através de faturas de despesas. O jogador esteve recentemente em Portugal entre 10 e 20 de outubro numa visita oficial, enquanto deputado estadual, e que foi questionada pela comunicação social local pelos oito mil euros gastos, porém não consta deste processo. Esta deslocação até foi notícia por terem sido apreendidos ao ex-jogador dez quilos de bacalhau à chegada a Porto Alegre, no Brasil.
Todo este processo culminou com mandatos de busca da GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) a casa do brasileiro, ao seu gabinete na Assembleia, e a endereços de outros visados no processo. Em casa do ex-jogador de Sporting e FC Porto foram apreendidos os seus telemóveis e ainda encontradas duas doses de cocaína.
O que pode acontecer a Jardel
Por agora, o ex-jogador foi apenas afastado do cargo de deputado estadual por um período de 180 dias, sendo este um processo de caráter administrativo.
Contudo, o Ministério Público deverá encaminhar ainda este processo para a Justiça, o que poderá levar Jardel a responder a toda a esta série de acusações no banco dos réus.
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