Os futebolistas profissionais do Estado de São Paulo renunciaram esta sexta-feira à greve que tinham marcado para o próximo fim de semana, mas permanecem em alerta, na sequência dos atos de violência de sábado nas instalações do Corinthians.
“Decidimos suspender a greve, mas mantemo-nos em estado de greve e de alerta, sendo que a decisão de paralisar pode ser acionada a qualquer momento, caso situações similares voltem a ocorrer”, disse Rinaldo José Martorelli, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais do Estado de São Paulo.
Os futebolistas tinham ameaçado fazer greve no próximo fim de semana para protestarem contra a violência perpetrada por cerca de uma centena de adeptos do Corinthians, que invadiram o centro de treinos do clube, agredindo funcionários e um jogador (o peruano Paolo Guerrero), roubando e causando danos nas instalações.
A maioria dos futebolistas do Corinthians ficou barricada três horas no balneário, sendo que três deles, Guerrero e os brasileiros Pato e Emerson Sheik, foram especialmente visados pelas ameaças dos adeptos, furiosos com a derrota da sua equipa dias antes, por 5-1, frente ao Santos.
Os três jogadores mais visados pela fúria dos adeptos contrataram, entretanto, guarda-costas, e Pato foi mesmo emprestado ao clube rival, São Paulo.
O presidente do Sindicato dos Jogadores explicou que tinha alcançado progressos significativos no que concerne à segurança dos jogadores nas conversações que manteve com as autoridades policiais e judiciais.
“Ainda estamos em negociações e espero dentro de uma semana ter dados mais concretos para divulgar sobre esta questão”, referiu Rinaldo Martorelli, cujo sindicato vai apresentar até 14 de março próximo uma lista de reivindicações para a reforma do futebol brasileiro a nível nacional à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em caso de novo episódio de violência, Martorelli conta ter o apoio dos 20 clubes que participam no campeonato paulista.
O presidente do sindicato pediu, também, aos clubes que assumam as suas responsabilidades nas suas relações com os adeptos: “Nem todos os adeptos são vândalos, mas se detivermos um, os pedidos para a sua libertação chovem. Devem ser os próprios clubes a quebrar o elo com os seus adeptos infratores, devem ser eles a assumir as responsabilidades pelos atos que eles cometam. Não basta dizerem que não têm nada a ver com esses adeptos”.