O Ministério Público de São Paulo está a investigar vários dirigentes da Portuguesa de Desportos, incluindo o presidente, Manuel da Lupa, suspeitos de estarem implicados na descida de divisão do clube.

O caso remonta à última jornada da liga brasileira de futebol da época passada, há 11 meses, quando a Portuguesa utilizou irregularmente o jogador Heverton, o que depois lhe acarretou a perda de quatro pontos.

"É bom ficar claro que não é apenas o Manuel da Lupa (...), há outros nomes que podem estar implicados. O doutor Valdir (Rocha), à época diretor do departamento jurídico do clube. O senhor Roberto dos Santos, à época vice-presidente de futebol do clube, responsável pelo departamento de futebol, e dois outros funcionários do clube. Por enquanto, a investigação gira em torno desses nomes", disse hoje o procurador Roberto Senise Lisboa, em declarações à TV Globo.

Como consequência direta do castigo, a Portuguesa passou a estar na zona de despromoção à segunda liga, por troca com o Fluminense, que acabou por se manter no "brasileirão".

O dolo pela utilização irregular é que ainda não é claro, havendo mesmo a possibilidade de a penalização ter sido procurada deliberadamente, para benefício de terceiros.

"A Portuguesa não vendeu a vaga. Ela foi vítima de uma possível venda de vaga, mas não há informação categórica nesse sentido. Não há como afirmar que houve recebimento de dinheiro. Se houve a venda, ela teria ocorrido por conta dos dirigentes, que à época executavam os atos da Portuguesa", explicou Senise Lisboa.

Por enquanto, corre a investigação para apurar se há eventuais beneficiados a nível material: "Há uma possibilidade, indícios, de que um ou mais dirigentes tenham facilitado a venda da vaga. Estou aguardando informações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) justamente para identificar se conseguimos buscar eventuais contas beneficiadas nesse processo todo”, explicou.

Entretanto, o Estado de São Paulo, citando documentos oficiais do Ministério Público, noticiou que poderá haver um suborno entre 4 e 30 milhões de reais (1,25 a 9,4 milhões de euros) - o que Senise Lisboa comentou serem "rumores".

Quanto a Manuel da Lupa, antigo presidente da equipa que entretanto já desceu virtualmente de divisão, para a terceira, qualifica a acusação de "calúnia, injúria e difamação".

Peter Siemense, presidente do Fluminense, faz votos para que a investigação avance "para que se aclare o caso" e se "acabe de uma vez por todas" com as suspeitas que "prejudicam a equipa".