O desportista Simão Mendes, também conhecido por Papa di Socorro no meio futebolístico, faleceu ao início da tarde desta quarta-feira, aos 63 anos, no serviço de urgência do hospital regional de São Filipe.

Uma das figuras mais conhecida na ilha do Fogo e na diáspora, Simão Mendes nasceu a 16 de março de 1950 na cidade de São Filipe, no seio de uma família humilde.

A direção do Juventude Futebol Clube, de que era treinador, em comunicado, mostra-se consternada pela «perda súbita» do seu antigo jogador e um dos atuais treinadores, e manifesta o seu pelo falecimento «daquele que foi sem dúvida um dos mais exemplares desportistas» de sempre na ilha do Fogo.

«Homem de caracter, integro, amante do futebol como poucos, dedicado e amigo», Simão Mendes, granjeou «respeito e admiração» de todos que o viram jogar, que com ele conviveram ou puderam desfrutar da sua amizade, refere o comunicado do Juventude.

O mesmo documento, assinado pelo seu presidente Fausto do Rosário, acrescenta que «não é só o desporto que está de luto» mas também a cultura popular da ilha por o falecido ter sido festeiro, por largos anos até ao presente, da bandeira de São João Baptista.

A família enlutada do «homem do povo, simples, popular, respeitado e amado» a Juventude manifesta a sua expressão de dor e sentimento.

Papa di Socorro foi trabalhar, zelador e pescador, antes de ingressar no Serviço Militar Obrigatório, que o levou a Angola no período colonial, de 1971 a 1973.

Como desportista, jogador de futebol, tornou-se numa figura pública. Antes do serviço militar, jogou nas equipas do Vulcânico e Juventude, e depois no Botafogo, onde durante 17 anos sagrou-se campeão regional por 11 vezes (oito vezes consecutivos), oito vezes melhor marcador do regional, conquistou por seis vezes consecutivos o torneio de São Filipe.

Foi uma vez campeão cabo-verdiano e três vezes vice-campeão, defrontando equipas como Mindelense, Sporting e Boavista, as melhores equipas dos anos de 1970/80.

Como treinador foi três vezes campeão regional pelo Botafogo. Treinou também o Vulcânico por varias épocas e pelo qual sagrou-se campeão regional e chegou as meias-finais do campeonato de Cabo Verde. Atualmente era treinador do Juventude, mesmo depois de lhe ter sido amputado as duas pernas na sequência de complicações provocadas pela diabetes.