A seleção cabo-verdiana de futebol tornou-se hoje pela primeira vez a melhor seleção africana, de acordo com a atualização do ‘ranking’ FIFA, um feito que enche de orgulho as autoridades locais, que querem continuar a melhorar.

De acordo com o ‘ranking’ da FIFA, divulgado hoje, a seleção cabo-verdiana de futebol subiu dois lugares, aparecendo agora na 31.ª posição a nível mundial e no topo em África, com 789 pontos.

Para o presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), Vítor Osório, o primeiro lugar africano é motivo de "muita alegria", um "momento único" e "uma coisa fantástica", que numa imaginou nem em sonhos.

"É um momento único que Cabo Verde deve desfrutar, ter orgulho e autoestima. É uma coisa fantástica que não consigo descrever. Nem em sonhos pensávamos chegar ao primeiro lugar em África. Mas quando se trabalha bem os resultados aparecem", disse Vítor Osório à agência Lusa.

O presidente da FCF, que dirige o órgão máximo do futebol cabo-verdiano desde maio do ano passado, salientou que se trata de um trabalho contínuo e de muitas gerações, em especial das equipas técnicas, direções, jogadores, parceiros e adeptos.

Por outro lado, salientou que a evolução representa mais dificuldades e mais responsabilidades, mas afirmou que o órgão que dirige vai continuar a trabalhar para manter a posição e melhorar em vários aspetos, como ter mais condições de trabalho, melhorar a disponibilidade do pessoal e ter mais certezas no trabalho feito.

Vítor Osório, que falava à Lusa no preciso momento em que se encontrava reunido com o selecionador cabo-verdiano, Beto Cardoso, indicou que o trabalho está a melhor a nível interno, dando exemplo da realização de mais formações, mais árbitros internacionais.

"A nível nacional, temos de melhorar a organização do campeonato nacional, ter melhores equipas, melhores jogadores e mais possibilidade de ver os nossos atletas jogarem lá fora", perspetivou.

O selecionador cabo-verdiano seguiu a mesma linha de pensamento, dizendo que chegar ao topo das seleções em África é um feito que vem de há muito tempo.

O técnico fez referência a todas as pessoas que deram o seu contributo, como dirigentes, equipas técnicas e jogadores, "que desbravaram caminho, quebraram as primeiras pedras".

"Ser número um em África é um feito que nos orgulha a todos, mas não devemos nos envaidecer. É mais um desafio, que precisa de mais entrega, mais desempenho, sacrifício, para podermos continuar com a mesma performance", disse Beto Cardoso, que substituiu no cargo o português Rui Águas.

Para o dirigente, "o futebol é um processo contínuo, demorado, lento, mas quando se trabalha muito e bem é possível chegar a bom porto".

Cabo Verde entrou para o 'ranking' da FIFA em 1993, na 147.ª posição e em fevereiro de 2014 chegou ao 27.º posto, a melhor posição de sempre a nível mundial. Na atualização de janeiro chegou pela primeira vez ao segundo lugar a nível africano e agora sobe ao primeiro posto.

Entre países de língua oficial portuguesa, seguem-se Moçambique, a uma longa distância, na 100.ª posição a nível mundial e 24.ª em África, seguindo-se Angola, no 109.º posto mundial e 32.º continental, e Guiné-Bissau, 147.º no mundo e 45 no continente.

O próximo jogo dos ‘Tubarões Azuis’, (nome pelo que é conhecida a seleção), está marcado para o dia 26 de março, na cidade da Praia, e será contra Marrocos, a contar para a terceira jornada do Grupo F de apuramento para o Campeonato Africano das Nações (CAN'2017).