A Associação Regional de Futebol indeferiu quarta-feira o pedido do Vulcânico para a realização dos jogos envolvendo as duas equipas com possibilidade de conquistar o título, no mesmo dia e à mesma hora, mantendo assim o calendário dos jogos.

Numa carta enviada à direção do Vulcânico, na tarde de quarta-feira e a que a Inforpress teve acesso, a direção da Associação refere que a “razão apontada e que estava na base do pedido tem a ver com suspeição de possível conluio ou combinação de resultados, sem apresentar factos ou provas que justificam tais suspeições, sendo até a data o único clube desta associação que levanta tais questões”.

O documento, assinado por três elementos da direção da Associação, indica que esta instituição, assim como todos os envolvidos no fenómeno desportivo, prima pela “transparência e verdade desportiva”, apelando a direção do Vulcânico, caso tenha conhecimento ou provas em contrário para os apresentar, como forma de colaborar na denuncia e no combate a essas ilicitudes.

Na carta, a Associação indica que os exemplos de outros campeonatos apontados são realidades diferentes, quer em natureza, quer em estruturas e quer em condições existentes, acrescentando que “é manifestamente infeliz afirmar-se que são situações similares”.

Para a instituição que gere o futebol na ilha, aceitar o pedido de realização de jogos no mesmo dia e hora “seria uma afronta ao futebol foguense e a todos os clubes envolvidos que estão a ser acusados e sem nenhuma prova”.

O calendário, refere a carta, foi aprovado no inicio da época por todos os clubes filiados e a sua alteração deve observar os procedimentos previstos no Regulamento Geral da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), nos termos dos artigos 21º nº 2 e 50º nºs 1,2 e 3, razão pela qual a Associação não satisfaz o pedido, mantendo o horário dos jogos como estabelecidos no calendário, esperando a compreensão e colaboração necessária do Vulcânico para que a ultima jornada decorra com fair-play e desportivismo.

O Vulcânico, recorda-se, tinha solicitado à Associação a realização dos jogos Vulcânico – Botafogo, prevista para sábado 22, e Académica – Baxada, prevista para domingo, 23, para o dia 23 à mesma hora, com realização dos jogos nos Mosteiros e em São Filipe, para evitar qualquer tentação de manipulação de resultados.

Com o indeferimento do pedido por parte da Associação mantêm-se o calendário dos jogos, sendo que o Vulcânico, líder do campeonato com mesmo o número de pontos com a Académica, joga no sábado com o Botafogo, e a Académica, segundo posição, devido a diferença de golos, joga no domingo com a Baxada.

Neste momento, a diferença de golos é de 12 favorável ao Vulcânico, o quer dizer que em caso de vitória do Vulcânico frente ao Botafogo e em função de golos marcados, a Académica fica obrigada a golear Baxada por mais um golo, para além da diferença, para se sagrar assim como foi definido no início da época.

O jogo Vulcânico – Botafogo realiza-se na tarde de sábado, 22, no estádio 5 de Julho, e Académica – Baxada, no domingo, 23, no mesmo estádio.

A direção do Vulcânico reagiu em nota, discordando da decisão da Associação, porque não pediu alteração do calendário dos jogos e nem que o jogo Académica – Baxada fosse realizado nos Mosteiros como pretende a Associação.

Esta agremiação desportiva indica ainda que o pedido não se baseou em suspeições e nem se acusou nenhum clube, observando que por isso não possui nenhum dado e nenhum indício de corrupção contra qualquer clube.

“O que se pediu e reitera-se, agora e aqui, é que se cumpra o disposto no artigo 47º do Regulamento Geral da FCF”, refere o documento do Vulcânico enviado no inicio da noite de quarta-feira à Associação, observando que o objetivo da lei é evitar que haja conluio ou combinação de resultados, pondo em causa a classificação ou obtenção fraudulenta da equipa campeã.

O Vulcânico, além de discordar da decisão da Associação Regional, não descarta outras medidas, como de jogar sob protesto e até de impugnar o campeonato regional de futebol do Fogo do primeiro escalão, época 2016-17.