O ex-presidente da SAD da União de Leiria João Bartolomeu saiu esta noite em liberdade do Tribunal de Leiria, obrigado ao pagamento de 70 mil euros de caução, disse à agência Lusa fonte da Polícia Judiciária (PJ).

O empresário leiriense ficou ainda sujeito a apresentações semanais às autoridades e à entrega do passaporte.

O empresário, suspeito vários crimes de burla qualificada e falsificação de documentos bancários, designadamente de letras de câmbio, tinha sido detido na segunda-feira pela PJ de Leiria e foi hoje ouvido em primeiro interrogatório judicial, que durou cinco horas.

Os ilícitos que levaram à detenção de João Bartolomeu, de 66 anos, reportam a eventuais crimes «cometidos na zona de Leiria, tendo sido identificadas diversas situações que, no seu conjunto, terão causado prejuízos patrimoniais de valor superior a um milhão de euros», pode ler-se num comunicado divulgado hoje de manhã pela PJ.

À saída do tribunal de Leiria, já acompanhado pela família, João Bartolomeu não quis prestar declarações.

Já o advogado do empresário disse aos jornalistas que estava «tudo esclarecido».

Na segunda-feira, dia da detenção, a empresa Materlis, da qual João Bartolomeu é administrador, foi alvo de buscas por parte da PJ.

A empresa, que se dedica ao comércio por grosso de madeira e trabalhos de carpintaria em obra, encontra-se em processo de insolvência e possui um passivo de 20 milhões de euros.

Sete milhões de uros respeitam a dívidas a fornecedores e mais de 10 milhões à banca, pode ler-se no processo de insolvência ao qual a Lusa teve acesso.

Entre os maiores credores está a SONAE (6,4 milhões), três instituições bancárias (oito milhões) e o Estado português (1,7 milhões de euros).

No processo, contudo, é sublinhado que existem «mais de 100 credores conhecidos» e que «a situação de insolvência é manifesta».

A empresa do presidente da União de Leiria SAD admitira já ter suspendido o pagamento de grande parte das suas obrigações, revelando que o último exercício, respeitante a 2011, teve um resultado negativo de um milhão de euros.

A crise nacional e internacional e investimentos em Angola - associados a empréstimos bancários - que se revelaram de difícil cobrança são algumas das razões apresentadas ao tribunal por João Bartolomeu para a situação financeira a que chegou a empresa.

A declaração de insolvência foi solicitada pela própria empresa a 19 de março.