O diretor de operações da UEFA, Martin Kallen, admitiu à agência Lusa que a crise é um dos fatores que tem prejudicado a venda de bilhetes para o Campeonato da Europa de futebol de 2012.

«A crise é um dos fatores que temos de ter em conta, as pessoas não têm tanto dinheiro para gastar. O segundo ponto é que não é muito fácil chegar às cidades anfitriãs, algumas distantes, e os preços das viagens são bastante mais caros do que se fosse no centro da Europa. O terceiro é a ideia de que não existe alojamento suficiente, o que não é verdade», explicou o responsável pela organização.

Kallen, que se estreou nestas funções no Euro2004, disse ainda estar descansado com a localização do «grupo da morte», que integra Portugal, Holanda, Alemanha e Dinamarca, em Lviv e Kharkiv, as cidades ucranianas com os estádios mais pequenos da competição.

«O que podemos ver é que normalmente temos mais pedidos de adeptos destes países, mas há uma procura menos alta do que esperávamos, por isso não me parece grande problema. Os pedidos de alemães e de holandeses correspondem, mais ou menos, à capacidade dos estádios. Além disso, as cidades são grandes o suficiente. Kharkiv tem quase dois milhões de habitantes, Lviv tem 750.000 e os estádios têm capacidade para 30 e 35 mil espetadores, respetivamente», frisou.

Perante este cenário, o diretor da competição espera ter «lugares suficientes para a procura que tem havido», apontando que Donetsk acaba por ser o caso que o deixa mais apreensivo, quanto ao alojamento disponível para os convidados.

«Donetsk é desafiante. Desafiante em termos de números, mas acho que, juntamente com outras cidades e os nossos parceiros, assegurámos bons e suficientes alojamentos, entre 2.500 e 5.000 dormitórios simples, para os adeptos. Para os convidados a situação é crítica, porque necessitávamos de mais hotéis de quatro ou cinco estrelas», referiu.

Apesar do contexto de crise e da procura de bilhetes «menos alta» do que previsto, Kallen mantém a ambição de repetir «mais ou menos os mesmos resultados financeiros do Euro2008», cujas receitas se saldaram por 1.300 milhões de euros, assumindo agora a missão de vender ingressos.

«Não passo noites sem dormir. Eu durmo muito bem, tenho uma atividade tão intensa no meu trabalho que acabo por não ter noites em claro. Ainda há coisas em aberto, a pouco mais de três meses do início e é um trabalho desafiante, que agora passa por, por exemplo, como estamos a fazer com a federação portuguesa, vender bilhetes. E já percebemos que não é muito fácil vendê-los», frisou.

Uma aparente vantagem da menor procura de bilhetes será, segundo Kallen, a segurança dos adeptos nos «dois países seguros, com pessoas simpáticas».

«Penso que, como temos tido menos procura de bilhetes, teremos menos pessoas sem bilhete nos locais e, por isso, menos pressão. As autoridades estarão bem preparadas, logo acho que não haverá problemas com a segurança», salientou.

Kallen realçou a sua satisfação por estar a organizar o primeiro Campeonato da Europa no leste da Europa, com polacos e ucranianos, salientando que esta experiência é «algo especial» para os dois países, que «também se desenvolveram um pouco».

A preparação das 16 finalistas vai ser repartida de forma desigual entre Polónia, que acolhe 13 seleções, e Ucrânia, com apenas três.

Para Kallen, estas opções não se ficaram a dever à falta de oferta do lado ucraniano: «Acho que a maioria das equipas escolheu ficar na Polónia por ser mais fácil a permanência, uma vez que faz parte da União Europeia, e talvez por ser ligeiramente mais barato».

«A Ucrânia gostaria de receber oito ou 10 equipas, mas isso não resultou num problema, porque as equipas vão lá à mesma e vamos ter um torneio em dois países», salientou o responsável, antevendo que os portugueses que se desloquem à Ucrânia vão usufruir de «uma experiência muito boa».

O Euro2012 tem início com o jogo entre Polónia e a Grécia, a 01 de junho, em Varsóvia, e termina a 08 de julho, com a final, em Kiev.

Portugal integra o Grupo B da prova e vai defrontar Alemanha (09/06), Dinamarca (13/06), em Kharkiv, e Holanda (17/06), em Lviv.