Paulo Bento e Fernando Santos disseram hoje desejarem se defrontar na final do Euro2012, depois de receberem o prémio de “Melhor treinador” em Portugal e no estrangeiro, respetivamente, atribuído pelo Clube Nacional de Imprensa Desportiva (CNID).

«Desejo que o Fernando [Santos] vá o mais longe possível e, se pudermos chegar os dois à final, aí cada um quererá ganhar, mas a tristeza dele, caso perca, nunca será total, porque ganhará o seu país», disse Paulo Bento, soltando uma gargalhada a Fernando Santos, que compartilhou o desejo das duas seleções repetirem a final de 2004 com o mesmo desfecho de então.

O atual selecionador grego quer «defrontar Portugal na final», porque isso «seria sinal de que as duas seleções teriam feito uma grande campanha», o que o «deixaria feliz» também pelo seu país, mas em relação à questão da final da competição o seu patriotismo não chega a tanto.

«Na final teria muita pena pelo Paulo e pelo meu país, dos quais muito gosto, mas quereria que a Grécia ganhasse. Mas é uma daquelas situações em que, se tal não acontecesse, ficaria feliz na mesma», observou Fernando Santos, com Paulo Bento a seu lado, sem escamotear um sorriso de condescendência.

De resto, Fernando Santos confessou o sentimento que nutre pela Grécia, sobretudo «no momento difícil» que atravessa, razão pela qual uma das suas motivações para este Euro2012 é «dar uma alegria ao povo grego representando bem o país» na Ucrânia e na Polónia.

Já Paulo Bento enfatizou a circunstância de estarem dois treinadores portugueses presentes na fase final do Euro 2012, elogiando os seus colegas que trabalham no estrangeiro, os quais «são motivo de orgulho e satisfação» de toda a classe «pela maneira como são respeitados lá fora, sinal de qualidade e competência, independentemente das gerações a que cada um pertence».

Questionado se, neste momento, a seleção portuguesa vale mais do que a grega, Fernando Santos admitiu que sim: «Apesar da Grécia ter escrito uma recente página brilhante no seu historial com a conquista do Euro 2004 no nosso país e inscrito o seu nome a letras de ouro, coisa que poucas seleções se podem gabar, se olharmos à regularidade das duas seleções nas últimas fases finais, tenho de reconhecer que Portugal é, nesse aspeto, mais favorito. No entanto, nestas competições há sempre uma surpresa reservada…»

Quanto à possibilidade do próximo campeão europeu sair do grupo de Portugal, como aventou há dias Humberto Coelho, vice-presidente para as seleções, Fernando Santos concedeu.

«Há quatro seleções nesse grupo – digo isto porque está toda a gente a esquecer-se da Dinamarca, coisa que o Paulo [Bento] não vai fazer, de certeza absoluta – e a Alemanha, pelo seu historial e pelo potencial da sua atual seleção, é um dos grandes favoritos a ganhar o Euro», defendeu o selecionador da Grécia, para quem, todavia, Portugal e Holanda «partem com o mesmo objetivo» dos alemães, razão pela qual concorda que «um dos três pode ser o próximo campeão europeu».

Além dos atuais selecionadores de Portugal e da Grécia, o CNID destingiu hoje outras figuras do desporto e do jornalismo do ano de 2011, numa cerimónia que decorreu nas instalações de um dos seus patrocinadores, em Vialonga.

Do leque alargado de premiados, estiveram ausentes o treinador José Mourinho, a quem foi atribuído o “Prémio Prestígio Fernando Soromenho”, e Cristiano Ronaldo, o de “Atleta Português no estrangeiro”, que se encontram no Koweit ao serviço do Real Madrid, onde vão defrontar, na quarta-feira, a seleção daquele país, num jogo de caráter particular.

Essa, de resto, foi a razão que levou a direção do CNID a proceder à entrega a ambos dos prémios respetivos em Madrid, na passada quinta-feira.

Outros ausentes à cerimónia de hoje foram os atletas Marco Fortes (lançamento de peso), se encontra a competir no Brasil, e da judoca Telma Monteiro, a efetuar um estágio na China, ambos distinguidos com o prémio “Atleta do Ano”, distinção essa extensível à dupla de ginástica acrobática Gonçalo Roque e Sofia Rolão, ao velejador João Rodrigues, que se fez representar pelo seu treinador, e ao triatleta João Silva.

O prémio “Equipa do Ano” foi atribuído à seleção nacional de futebol, enquanto na área do jornalismo o prémio “Nuno Ferrari” distinguiu o fotojornalista José Ribeiro, da Agência Reuters, o prémio “José Neves de Sousa”, no setor da imprensa escrita, foi parar às mãos do jornalista do Record, Rui Dias, o prémio Artur Agostinho, no setor da rádio, a João Ricardo Pateiro, da TSF, o prémio Vítor Santos, que pretende distinguir a revelação da imprensa escrita, entregue a Nuno Travassos, do sítio “Mais Futebol” e, finalmente, o prémio Alves dos Santos, na área da televisão, que coube ao jornalista Alexandre Santos.