A seleção portuguesa de futebol passou a fase de grupos nas suas cinco participações na fase final do Europeu, mas do seu palmarés não consta nenhum troféu, apenas memórias de oportunidades desperdiçadas.

Do alto da sua pequenez geográfica, Portugal mostrou ao “velho continente” equipas “enormes”, mas que, na “hora h”, não conseguiram dar o último passo rumo ao título, especialmente em 2004, mas também em 1984 e 2000.

A formação das “quinas” disputou mesmo uma final, que, desgraçadamente, perdeu em casa, frente a uma Grécia à qual tinha de ter ganho, isto depois de, qual fotocopiadora, cair em duas meias-finais face à França, em ambas no prolongamento e depois de ter estado em vantagem.

É o “fado” luso nos Europeus, prova à qual Portugal ainda conseguiu chegar mais duas vezes, para cair nos “quartos”, perante a República Checa, em 1996, e a Alemanha, em 2008.

Curiosamente, os cinco desaires que ditaram os respetivos “adeus” aconteceram todos pela diferença mínima, dois por 3-2 (com a França, em 1984, e a Alemanha, em 2008), um por 2-1 (França, em 2000) e dois por 1-0 (República Checa, em 1996, e Grécia, em 2004).

Para atingir estas fases adiantadas, a formação das “quinas” exibe, porém, um magnífico pleno de apuramentos em fases de grupos, alguns memoráveis, em especial o de 2000, ano em que mostrou a sua melhor “cara” de sempre.

A seleção lusa falhou consecutivamente o apuramento para os Europeus de 1960 a 80, apesar de, pelo meio, ter sido terceira no Mundial66 e de, entre portas, contar com uma das melhores equipas do continente, o Benfica, campeão em 1961 e 62 e “vice” em 63, 65 e 68... só com portugueses.

Em 1984, Portugal chegou, finalmente, a uma fase final, depois de um “duelo” até ao último jogo com a União Soviética, que sucumbiu a um penalti de Jordão, conquistado por Chalana, na Luz, isto depois de ter arrasado (5-0) o conjunto de Otto Glória em Moscovo.

O brasileiro demitiu-se após a goleada e foi Fernando Cabrita (mais Toni, José Augusto e António Morais) que levou Portugal às meias-finais do Euro84, depois de passar um grupo com RFA (0-0), Espanha (1-1) e Roménia (1-0).

Um golo de Nené selou as “meias”, nas quais Portugal começou a perder, mas deu a volta, já no prolongamento, com o “bis” de Jordão, oferecido por Chalana: o sonho esteve a cinco minutos, mas a anfitriã França ainda virou para 3-2, selado por Michel Platini, aos 119 minutos.

A presença de 1984 foi positiva, mas não teve seguimento, já que Portugal falhou os Europeus de 1988 e 92, para voltar em 96, pela primeira vez com a “geração de ouro”, e não mais primar pela ausência.

Portugal voltou a abrir com um empate (1-1 com a Dinamarca) e, depois, bateu Turquia (1-0) e as reservas da Croácia (3-0), para, nos “quartos”, sucumbir ao “chapéu” de Karel Poborsky, checo que viria a jogar no Benfica.

Em 2000, parecia impossível passar a fase de grupos, mas os comandados de Humberto Coelho fizeram história: começaram por virar de 0-2 para 3-2 com a Inglaterra e selaram o apuramento logo ao segundo jogo (1-0 à Roménia).

Já apurado, Portugal ainda teve tempo para afastar e humilhar a Alemanha (3-0, com um “hat-trick” de Sérgio Conceição), antes de afastar a Turquia, por 2-0, com um “bis” de Nuno Gomes, servido por Figo, e um penalti detido por Vítor Baía.

O então jovem avançado viria a dar vantagem a Portugal nas “meias”, no reencontro com a França, mas os gauleses conseguiram, novamente, a reviravolta, desta vez com Zinedine Zidane a decidir, com um “golo de ouro”, de grande penalidade, aos 117 minutos, após mão de Abel Xavier.

A formação das “quinas” foi, depois, a anfitriã do Euro2004 e começou da pior forma, com uma derrota perante a Grécia (1-2), que, quem diria então, voltaria a estragar a festa lusa, agora sem remissão, na final (0-1).

Entre os dois embates com os helénicos, Portugal, comandado pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, começou por superar a fase de grupos “in-extremis”, com um golo de Nuno Gomes à Espanha (1-0), após bater a Rússia (2-0).

Seguiu-se um memorável embate com a Inglaterra, resolvido, após 2-2 em intensos 120 minutos, na “lotaria” (6-5), com dois momentos para a lenda de Ricardo (defesa sem luvas e golo da vitória) e um de Hélder Postiga (penalti à Panenka, que teria custado o adeus).

O apuramento para a final, face à Holanda (2-1, com tentos de Cristiano Ronaldo e Maniche, este autor de um golo monumental), acabou por ser o mais fácil, até que tudo se desmoronou na cabeça de Angelos Charisteas.

Em 2008, Portugal repetiu 2000, ao começar com dois triunfos (2-0 à Turquia e 3-1 à República Checa), selando desde logo os “quartos”, mas, depois, desapareceu (0-2 com a Suíça, ainda na primeira fase, e 2-3 com Alemanha), no que constituiu uma despedida amarga para Scolari, já comprometido com o Chelsea.

Entre 08 de junho e 01 de julho, Portugal vai disputar a sua quinta fase final consecutiva e sexta da sua história, depois de só ter conseguido o apuramento num “play-off”, face à Bósnia-Herzegovina (0-0 fora e 6-2 em casa).

O objetivo, para já, é passar a fase de grupos, mas, como em 2000 (Alemanha, Inglaterra e Roménia), a tarefa parece bem complicada, com Alemanha, Holanda e Dinamarca. Paulo Bento e Cristiano Ronaldo têm a palavra.