Há jogos que pelos primeiros minutos parecem logo anunciar ao que vêm e este Croácia-Portugal denunciou logo a palavra “prolongamento”. Numa partida decisiva para as aspirações das duas seleções na prova, o jogo foi impregnado de taticismo desde o apito inicial, ao que se juntava uma certa indisponibilidade para o risco.

Para este duelo, Fernando Santos surpreendeu ao apresentar três estreias entre os titulares - Cédric, José Fonte e Adrien Silva -, recuperando ainda Raphael Guerreiro para o onze inicial. A aposta no trio do meio-campo que brilhou este ano no Sporting, com Adrien, João Mário e William Carvalho, parecia ser a resposta do selecionador para o poderoso e criativo meio-campo croata, comandado por Modric e Rakitic.

O arranque do jogo foi muito morno, sem velocidade e com escassa dinâmica entre os dois conjuntos. A incapacidade de gerar desequilíbrios foi constante e por isso o primeiro remate só surgiu aos 25', por Pepe, com um cabeceamento perigoso a passar ligeiramente por cima da baliza de Subasic, na sequência de um livre de Raphael Guerreiro.

A resposta croata chegou aos 30', com Perisic a ganhar espaço no flanco direito, a superar o lateral esquerdo português e a atirar às malhas laterais da baliza de Rui Patrício. E assim se resumiram os momentos em que o golo quase pairou em Lens. Muito pouco para um jogo dos oitavos de final do Campeonato da Europa e com um justificado nulo no intervalo.

Depois de ser a equipa sensação da fase de grupos, a Croácia demorou também a puxar dos galões e esperou pelo início do segundo tempo para o fazer. Com um arranque forte, a seleção de Ante Cacic começou a empurrar Portugal para a sua defesa e ameaçou a baliza de Rui Patrício por mais do que uma vez.

No entanto, Fernando Santos também compreendeu a agitação de que o jogo de Portugal precisava e foi lesto a lançar Renato Sanches para o lugar de André Gomes (50’). O médio de 18 anos teve um impacto quase imediato na equipa: se é certo que gera mais desequilíbrios na organização, foi também por ele que Portugal se projetou mais para o ataque e recuperou o equilíbrio.

Aos 64’, Portugal reclamou grande penalidade por um contacto entre Nani e Strinic, mas o árbitro espanhol nada assinala, apesar dos protestos que surgem do banco de suplentes.

O jogo retomou então a sua toada mais calculista, com os dois treinadores a espreitarem logo no horizonte o prolongamento. Prova disso foi a primeira alteração croata surgir apenas aos 86 minutos, com Kalinic a substituir Mandzukic; curiosamente, o mesmo minuto em que Fernando Santos lançou Quaresma.

Estavam os dados lançados para um pequeno forcing final, mas tudo não passou de boas intenções. O jogo arrastou-se para o apito final de Carlos Vellasco Carballo e a decisão passará agora pelo prolongamento.