A ex-selecionadora Mónica Jorge, a maior referência do futebol feminino português, defendeu hoje que se abriu “uma nova era” na modalidade com a qualificação, pela primeira vez, para a fase final do Campeonato da Europa.

Para a atual diretora da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o empate 1-1 obtido na terça-feira após prolongamento em Cluj, frente à Roménia, que valeu o apuramento inédito para o Europeu, representa “o início de muita coisa boa para o futebol feminino”, que “está na moda”.

“É uma nova era que começa no futebol feminino e, a partir de ontem [terça-feira], nada será igual. (...) A federação precisa que todos os clubes em Portugal tenham uma equipa de futebol feminino. Era importante que isso acontecesse”, advertiu Mónica Jorge, à chegada da comitiva ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

A diretora federativa atribuiu a “uma maturidade acima do normal” o sucesso da ‘equipa das quinas’, que tinha empatado 0-0 em Lisboa, na primeira mão do ‘play-off’, acreditando que é possível ‘voar’ ainda mais alto, apesar de reconhecer a dificuldade da tarefa na fase final do Europeu, na Holanda.

“Vamos aprender, numa competição ao mais alto nível. É crescer como equipa e tentar fazer o nosso melhor. Também ninguém estava à espera de que nos qualificássemos e fizemo-lo com todo o mérito. Agora é tentar passar a fase de grupos e sonhar um bocadinho mais alto”, afirmou.

O selecionador nacional, Francisco Neto, ajudou a escrever “uma das páginas mais bonitas do futebol feminino português”, que vai permitir dar continuidade à aposta dos clubes na vertente: “Portugal é um país do futebol no masculino e cada vez mais vai ser um país do futebol no feminino”.

“Vai trazer mais meninas para praticar, porque sabemos a necessidade de aumentar o número de praticantes em Portugal, que, comparativamente com as equipas que temos defrontado, é bastante inferior”, sustentou Francisco Neto, lembrando que a equipa nacional será a menos cotada na fase final.

Andreia Norton, autora do golo português em Cluj, aos 105+1 minutos, manifestou-se orgulhosa por ter contribuído para “um feito histórico”, que a modalidade “já estava à espera há muito tempo”, avisando que “o futebol feminino merece a mesma atenção e condições que o masculino”.

A ‘capitã’ Cláudia Neto também considerou que a seleção lusa “fez história” na Roménia e que “as coisas vão mudar no futebol feminino português” com a qualificação para o Europeu, que se realiza na Holanda, entre 16 de julho e 06 de agosto.