João Tomás trocou o Rio Ave pelo Recreativo do Libolo, campeão angolano em título, e admite que, na hora de partir, os futebolistas têm a vida mais facilitada. A sua frase, «segui os conselhos de Passos Coelho», fez furor, com o jogador a dizer que lhe saiu «mais em tom de brincadeira».

«Costumo dizer que somos emigrantes quase de luxo. Vamos para clubes com muito boas condições, que nos dão tudo aquilo que nós precisamos e que nos faz falta. E ao contrário da maioria das pessoas, que se deparam com muitos problemas [ao emigrar] nós temos essa tarefa mais facilitada», confessou o jogador português ao SAPO Desporto durante o estágio da equipa em Quiaios, Figueira da Foz.

Não esconde que «as questões financeiras também contam», mas outros fatores levaram-no a trocar Vila do Conde pelo Libolo, cidade que ainda não conhece, já que ainda não saiu de Portugal.

«Honestamente, sei muito pouco [sobre o clube]. Tive a oportunidade de ler alguma coisa na internet a partir do momento em que houve este interesse e que as coisas ficaram mais ou menos certas», confessou. «O facto de ir para um clube que luta pelo título, que também está nas competições internacionais... é mais um desafio e eu sou uma pessoa que gosta de enfrentar desafios», explicou.

Com 37 anos, completando 38 este ano, João Tomás pode pôr um fim à carreira em Angola. «Em príncipio sim. Para já o contrato é de dois anos, espero cumpri-lo, e, em príncipio, será o último.  Numa fase tão adiantada da carreira temos de estar preparados para o fim e sabemos que ele está mais próximo. Temos de aproveitar o que ainda resta», assumiu.

A estadia e a saída do Rio Ave

O presidente do Rio Ave, António Silva Campos, disse, no início do mês, que João Tomás «não foi muito correto» na forma como saiu, mas o jogador garante que a saída decorreu sem problemas.

«O presidente defende a sua dama. [Não sai a mal] Pelo contrário. Julgo que a porta no Rio Ave estará sempre aberta, quanto mais não seja para ir ver os jogos e cumprimentar os meus amigos. O presidente defendeu os interesses dele, manifestou-me isso a mim. Não achei muito propositado falar desse assunto... Ele disse-me isso a mim, eu defendi-me, apresentei as minhas perspetivas, ele compreendeu e no fim deste processo houve um aperto de mão muito sentido. Ele sabe que ao serviço do Rio Ave dei tudo o que podia e que sabia. Foi uma passagem muito bonita e até histórica», explicou.

O avançado deixa o clube nortenho numa boa posição e reforça que « não é fogo de vista» a boa prestação da equipa.

«Desde o primeiro dia que se notou que havia ali um processo extremamente ambicioso, um projeto muito cuidado e a classificação é o espelho daquilo que se tem feito. Há condicionantes que vão aparecendo ao longo de uma época que podem determinar mais sucesso ou menos sucesso. Mas eu acredito que se vão aguentar muito mais tempo naquela classificação», frisou, acreditando que na Taça da Liga, «uma competição importante e muito gira», têm condições de bater o FC Porto e «chegar à final».