"O modelo competitivo dos juniores deve ser alterado no sentido da fase final ter oito equipas, as melhores, para que se torne mais equilibrada, exigente e competitiva", sustentou o dirigente "leonino", para quem o exemplo do que se passou na final do campeonato de juniores, disputado na Academia, entre o Sporting e o Benfica, "não se pode repetir".

Mil-Homens alude a "grandes desequilíbrios" e "à ausência de grupos homogéneos", em relação aos quadros competitivos, em particular "os escalões mais elevados", razão pela qual invoca o exemplo do Barcelona como referência.

Tratando-se da equipa europeia que mais jogadores de altíssimo nível traz da sua formação à equipa principal, o Barcelona "não ganha ciclicamente campeonatos de juniores", cujos jogadores alinham na equipa B, nas segundas Ligas, que é "uma forma de acelerar o processo de prontidão competitiva" dos jogadores da formação para o futebol profissional.

Segundo Pedro Mil-Homens, em Portugal "não há um espaço que ajude nessa transição", o que significa que "muitos dos juniores que hoje jogam nos três clubes grandes e que são a base das selecções nacionais, por exemplo de sub-19" quando competem com os seus colegas espanhóis, verifica-se que estes "não jogam nas equipas de juniores dos grandes clubes espanhóis".

"Jogam num patamar acima, numa II divisão B, no Barcelona B, no Castilla, que é a equipa B do Real Madrid - aí temos um caminho a fazer no sentido de olharmos mais para os jogadores e menos para títulos", diz Mil-Homens, que exige mais ideias e visão estratégica por parte da Liga e da FPF.

Esta tarefa não é para um clube fazer sozinho, alerta, mas urge para que amanhã "não venhamos dizer que depois da geração de ouro já não temos nenhuma sequer de prata", preconizando "um projecto de equipas B recriado" ou um conjunto de "acordos dos clubes têm de fazer com outros para terem jogadores num patamar competitivo mais elevado".

"Se quiséssemos ter a certeza que seríamos campeões de iniciados ou juvenis um dos nossos critérios de recrutamento seria escolher os mais altos, os mais fortes, o que, no momento, são capazes pela sua morfologia e capacidade física, resolver o problema daquele jogo", exemplifica Pedro Mil-Homens.

Todavia, isso obrigaria a pôr de lado os jovens mais atrasados em termos de maturidade, aqueles que ainda não cresceram e que provavelmente vão ser melhores no futuro, sustenta o director da Academia de Alcochete, que dá o exemplo de Futre e de Figo como dois talentos que, no seu trajecto ascensional na formação, não eram fisicamente dos mais dotados.