O impetuoso médio argentino Diego Simeone tornou-se numa das referências dos treinadores atuais, ao serviço do mesmo clube em que se consagrou como futebolista, o Atlético Madrid.

A combatividade de Simeone é um traço comum ao seu percurso de jogador e de técnico, sendo notória a forma como “ferve” com cada atuação dos “colchoneros”, que conseguiu restabelecer como “grande”, inclusivamente conquistando o título espanhol, frente aos “gigantes” Real Madrid e FC Barcelona.

É, precisamente, frente aos eternos rivais da capital espanhola que vai disputar no sábado, em Lisboa, o mais importante troféu europeu de clubes, numa oportunidade inédita para o clube, cujo historial tem como marco mais significativo as conquistas da Taça Intercontinental, de 1974, da Taça das Taças, de 1961/62, e da Liga Europa, em 2009/10 e 2011/12.

O último título continental tem já o cunho de Simeone, que sucedeu a Gregorio Manzano e empreendeu a recuperação de um emblema histórico, reconquistando o segundo troféu de clubes continental, ao qual juntou a Supertaça Europeia, tal como tinha feito o antigo técnico benfiquista Quique Flores, na sua passagem pelo comando do clube.

Aos 44 anos, e mantendo a aparência de “bad boy”, Simeone, alcunhado enquanto jogador de “cholo” – designação aplicada aos mestiços, com traços indígenas, negros ou brancos –, é o treinador da moda, muito por causa das suas capacidades de liderança.

O argentino é atualmente a imagem do clube, mais até do que os seus comandados, apesar de muitos deles terem dimensão mundial, como são os casos de Diego Costa, Courtois, Turan ou Koke. Algo que agrada a Simeone, que se sente cómodo em permanecer no centro das atenções além dos 90 minutos.

Diz-se mesmo que, em Madrid, se adotou o “Cholismo”, tal é a forma como são seguidas as mensagens do treinador. Cada frase é quase um ‘karma’ para adeptos e jogadores.

“Perder foi o melhor que nos podia acontecer”, afirmou Simeone, há duas semanas, após a derrota por 2-0 na visita ao Levante, num encontro em que se o Atlético vencesse praticamente assegurava a vitória na Liga, algo que só viria a ocorrer em Camp Nou, numa verdadeira “final”, que o Atlético conseguiu empatar, mesmo perdendo Diego Costa e Turan na primeira parte do jogo.

O título já está, assim, conquistado, sob o comando do antigo médio, que foi um “globetrotter”, com passagens por Buenos Aires, Pisa, Sevilha, Madrid, Milão e Roma até ao regresso à capital espanhola, realizando, já como treinador, novamente o percurso entre Argentina e Espanha.

Curiosamente, as suas cores em Madrid até podiam ser brancas, segundo revelou o próprio, em março último, numa entrevista à revista online Jot Down.

“Houve uma possibilidade, sim, porque ia chegar Artur Jorge e queria-me a mim, mas o Real escolheu o Valdano e o Valdano escolheu o Redondo. Eu digo que tudo na vida acontece por uma razão e, evidentemente, que o melhor que me pôde acontecer foi o Atlético”, contou.

E, possivelmente, o melhor que podia acontecer ao Atlético foi a aposta em Simeone.